sábado, 19 de dezembro de 2015

Amamentação e alguns ajustes

Eu sempre acreditei que a amamentação era possível. Com o Gabriel, mesmo que por um mês, amamentei, mas foi muito difícil. O bico pequeno, mama grande, bebê que tomava formula e eu amamentava, era uma guerra por confusão de bicos (mas eu não sabia!), enfim... O suporte e orientação para amamentar foram quase nulos. 
Quando engravidei do Joaquim me prometi que me esforçaria o máximo para conseguir amamentar pelo menos os seis meses exclusivos já que isso a minha licença maternidade permite. Mas de qualquer forma aguardei o bebê nascer. Pesquisei informações sobre a amamentação e me preparei da forma que pude, com os itens que acreditei ser totalmente necessário, por exemplo: bombinha elétrica da Medela (a mesma que usei no hospital com o Gabriel e aluguei por um mês para ficar em casa), almofada de amamentação, pomada de lanolina para os bicos do seio, absorvente de seio (o Bruno trouxe muitos absorventes dos EUA e eu também pedi no chá de bebê e ganhei uns quatro pacotes) e estava pronta para amamentar. 

Mamando na primeira hora de vida!
                                 
O Joaquim mamou na primeira hora de vida. Mamou deitado na cama e ficou por um bom tempo lá. Eu sabia que ele deveria mamar e estimular a mama e o leite iria descer. Eu nunca tive problemas com ele chorar de fome ou chorar por não conseguir mamar. Ele nasceu sabendo, tinha a pega perfeita e foi tão tranquilo no primeiro dia. Usei todo meu aparato, a almofada foi um item ótimo e que super ajudou. Porém no dia seguinte o leite começou de fato a descer e a coisa começou a pegar. Mamilos super mega sensíveis e um bebê plugado quase o dia inteiro. No segundo dia foi terrível e se existe a hora da covardia no parto (a hora que a gente quer desistir e pede anestesia ou cesárea), também existe a hora da covardia na amamentação, o leite desceu para valer e estava extremamente dolorido e o bico estava com fissura e os hormônios muito loucos e eu quis desistir, queria comprar uma lata de leite em pó e era isso.
O suporte e apoio para amamentar foram importantíssimos para que eu continuasse a amamentar. É super necessário uma rede de apoio para conseguir seguir e não digo só para incentivar a amamentar mas para fazer todo o resto (cozinhar, lavar roupa, organizar a casa, cuidar do mais velho) e também para ajudar também na amamentação em si. Meu leite começou a querer empedrar, o bebê era pequeno demais e não dava conta de tanto leite. A bombinha elétrica machucava mais o meu bico do seio que já estavam super sensíveis. Fiquei desesperada e chorava cada vez que o Joaquim acordava para mamar (quase toda hora). Tive uma mega ajuda e suporte da minha doula e das parteiras, elas me ajudavam conversando, tirando duvidas e me indicaram o GVA, um grupo do facebook e que tem um blog também e que super ajuda nesse processo. A Raquel, minha doula, veio aqui em casa nesse segundo dia que foi o mais critico de todo o processo. Ela ajudou com a mama que estava muito cheia, me ensinou a massagear e fazer a ordenha manual mesmo, para aliviar a mama tão cheia já que o bebê não mamava o suficiente para que ela esvaziasse. Me ensinou a fazer compressas com uma fraldinha de pano (do tipo Cremer) em temperatura ambiente. A fazer um shake com a mama, que era segurar o seio e chacoalhar a mama e após isso massagear e enfim ordenhar, isso me ajudou demais. As meninas me mandaram também imagens de quais eram as melhores posições para amamentar e como minha mama é muito grande, foi importante conhecer posições diferentes que pudessem me ajudar.
Após a primeira semana de amamentação e a segunda consulta com o pediatra, uma semana após a primeira, ele estava com dez dias e já havia engordado 600g, fiquei muito feliz de ver que meu esforço estava valendo total a pena, o bebê ganhando peso, isso era maravilhoso. Ver que além de conseguir parir, conseguia alimentar o meu bebê apenas com meu leite me deu força e mais vontade de continuar.
Os meus seios ficaram "calejados" com vinte dias mais o menos e ai ficou muito melhor amamentar. Já tive mais coragem de sair de casa por exemplo. No começo como o bico fica muito sensível, eu morria de dor quando ele iniciava a amamentação, tinha que respirar fundo, batia o pé no chão e era dolorido demais. Mas o tempo é muito bom e tudo passou. Depois que o seio se acostumou com as mamadas tudo ficou mais tranquilo.
Hoje o Joaquim está com um mês e onze dias de amamentação exclusiva e já esta ficando com as perninhas gordinhas, mama muito rápido e está saudável. Não há como explicar a minha alegria por ter persistido, afinal hoje estou apenas colhendo frutos do meu esforço para seguir com a amamentação. As vezes fico um pouco estressada pois me sinto presa em casa por amamentar mas estou aprendendo a lidar com a situação e a levar o bebê comigo. Também tive dificuldade e ainda estou tendo com roupas e sutiãs para amamentar. Parece que não existem muitas variações para nós e também a mãe é totalmente infantilizada, tudo tem um tom lilás ou de coraçãozinho, um bichinho, tudo bem infantilizado. Tenho penado um pouco mas aos poucos estou conseguindo encontrar roupas e afins...
Agradeço a todos a minha volta pelo incentivo e suporte para que fosse possível isso acontecer. E seguimos firme e forte rumo ao seis meses de amamentação exclusiva!

Como me sinto sobre amamentar...


Beijos :)


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O primeiro mês do Joaquim

Nós temos a falsa sensação de por já ter um filho vamos saber fazer tudo e comigo não foi bem assim. Já não me lembrava de como foi com o Gabriel e também nunca tive experiencia com recém nascido de fato já que o Biel ficou na U.T.I nos primeiros quinze dias e veio para casa com a rotina do hospital e então foi fácil manter. Quando eu engravidei do Joaquim percebi que até mesmo a gravidez é completamente diferente uma da outra. Ambas foram saudáveis e pouco engordei porém a minha disposição na do Joaquim foi muito melhor, não sei se pelo fato de ter ficado até o a metade do sétimo mês sozinha e sabia que estava tudo na minha responsabilidade, não tinha muito tempo. Por muitas vezes até me esquecia que estava gravida (fisicamente).
Quando o Joaquim nasceu nós penamos um pouco, até ter uma rotina estabelecida com dois e enfim se adaptar. Mas tenho alguns assuntos que quero abordar paralelamente sobre o primeiro mês mas não consigo muito tempo para escrever, por isso é aos poucos que vou atualizando.
Vou fazer um post de cada mês do Joaquim até completar um ano. Espero conseguir registrar tudo!



  • Joaquim nasceu no dia oito de novembro de 2015. Em um parto natural domiciliar, às 6:31 da manhã;
  • Nasceu pesando 3,075 kg e medindo 51 cm, apgar 9 e 10. Após 3 dias de nascido já estava pesando 3,350 kg e não houve a perda de 10% após o nascimento. Com um mês de vida, está pesando 4,115 kg e medindo 54 cm. 
  • Mama exclusivamente no peito e nunca tomou fórmula. 
  • Quando nasceu era tão pequeno que só usava as roupas RN que nós trouxemos do EUA, da marca Carter's. Nem duas semanas depois já estava usando as roupas de 3 meses e o RN do Brasil que é maior do que o dos EUA.
  • Usou a fralda RN da turma da mônica 100 primeiros dias. A RN da Pampers era grande para ele. Usou três pacotes de RN, o ultimo da Pampers. 
  • O umbigo caiu em seis dias. 
  • Como ele nasceu em casa precisamos ir um pouco mais rápido ao pediatra e então no terceiro dia nós fomos na consulta com o Dr. Carlos e foi só elogios.  
  • O teste do pezinho e as primeiras vacinas foram dadas após dez dias de nascido.
  • Não gosta de ficar sujo e de trocar de roupa. Ama o banho mas não gosta de sair do banho.
  • No dia dois de dezembro nós usamos o wrap sling pela primeira vez e fomos ao shopping. (Só demoramos tanto para sair porque compramos o wrap sling e ele não chegava. Maior erro do enxoval, não ter comprado o wrap sling antes dele nascer. É essencial.)
  • No dia 3 de dezembro, vinte e três dias depois de nascido pegou seu primeiro resfriado e a Mia finalmente se aproximou e dormiu ao lado dele. 
  • No dia 5 de dezembro tomou banho de chuveiro com a mamãe e desde então virou um ritual e todas as noites antes de dormir, tomamos banho juntos. 
  • Nasceu a cara do irmão, impressionante a semelhança. Quando está dormindo poderia jurar que é a copia do Gabriel mas quando está de olhos abertos tem cara de Joaquim mesmo, parecido com os traços do pai. E é lindo demais. 
  • Ele ama ficar no colo grudado. A maior parte do tempo é mamando e no colo. Aqui é livre demanda dos dois hahaha
  • O que ele mais ama nessa vida é mamar.
  • Desde o começo ele mama de três em três horas. E desde a segunda semana ou menos, já dorme quatro ou cinco horas por noite. Quando completou um mês estava dormindo por volta de onze/onze e meia e acordando as cinco/cinco e meia da manhã, acorda para mamar e trocar em seguida dorme novamente até as oito da manhã, mama e troca e dorme até as dez/onze horas. Um fofo e dorminhoco. 
  • Ama ouvir música mas a música tem que ser alta e de preferência rock. No começo ele ouvia o som do útero (melhor vídeo, usamos muito). E depois percebemos que ele curte música. A lista de bandas é grande mas as preferidas: Pearl Jam, Arctic Monkeys, The Strokes, AC/DC, Iron Maiden e por aí vai... E ele se acalma com essas musicas e dorme! Para nós é ótimo né e ta super valendo a pena assinar o spotify. 

Esse foi o primeiro mês do Joca, estou postando com quase dez dias de atraso mas ta valendo né?! ;)

Beijos 


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Considerações finais

Segunda feira passada concluímos um momento muito importante em nossa vida. Foi a nossa ultima roda de gestante no espaço Santosha/Mamastê. Lugar onde fomos a primeira vez quando completei 32 semanas de gestação e foi um encontro muito gostoso, com uma conversa boa e onde conhecemos a nossa equipe que acompanhou o nascimento do Joaquim. E ontem nós fomos lá relatar o parto.
Eu não sei se não vou mais escrever sobre o parto do Joaquim ou a sobre a gestação. Mas preciso fazer algumas observações.

O parto do Joaquim foi a realização de um sonho, uma experiência que eu precisava e desejei muito viver. A gravidez não foi planejada e nós não estávamos conscientes que seria tão complicado chegar ao parto em si. Foi uma busca e foi difícil. De fato o principal fator que fez o parto que eu idealizei acontecer, foi o dinheiro, sim, mas também a minha prioridade. Eu poderia ter priorizado guardar a grana, dar entrada num carro, pagar algumas dividas e decidi que o parto era a minha prioridade naquele momento e assim foi. Não me arrependo nenhum segundo e digo que se pudesse pagava mais. Já havia lido que o custo do parto não paga o valor que ele tem para nós. É exatamente isso!

Acredito também que a cesárea anterior ter sido desnecessária e a consciência que eu poderia ter feito diferente, fizeram eu querer ainda mais um parto mais respeitoso (de acordo com a minha filosofia e percepção). E quanto mais batalhei pelo parto mais queria que ele acontecesse. Quanto mais duvidaram de mim, mais ainda eu quis.

A dor do parto é uma dor louca. Tem um vídeo, durante o trabalho de parto, falando que era uma dor engraçada. Até certo momento é. A dor vem com a contração e vai embora com ela também,  as contrações chegaram e eu não percebi, achava que eram sinais falsos e não levava fé no começo do trabalho de parto. Mesmo tendo sentido contrações de madrugada, foram tranquilas, dormia entre elas e quando viam eu despertava e segurava no Bruno, que dormiu a noite toda e não se lembra de nada.
A transição da fase latente para o expulsivo as dores se intensificaram. Mas a dor deve ser trabalhada durante a gestação e deve ser encarada de forma positiva, como algo que esta trazendo o seu bebê para você e é um momento que seu corpo vai passar para chegarmos ao nascimento!

No relato de parto tentei ser o mais objetiva possível. Após passar pela experiencia do parto cheguei a conclusão que os relatos de parto e videos são bem romantizados. Me apeguei muito a esses relatos mas logo após o nascimento pensava o quanto eram "enganosos", por isso escrevi bem próximo ao parto para ser o mais realista possível. Hoje, cinco semanas depois, já consigo romantizar mais e até pensar em parir de novo. 

Musica e ambiente durante o trabalho de parto são muito importantes. Para entrar na "vibe" do parto acredito que foi super importante o clima aconchegante. Foi uma noite que eu também não vou esquecer pelo ambiente relaxante. A equipe que estava totalmente entrosada e nós cultivamos uma amizade durante o pré natal, mesmo que relativamente curto, foi como uma noite entre amigas. A playlist que eu fiz, de inicio tive vergonha, ficava pensando que não eram músicas legais e no fim a equipe super curtiu e fez total diferença no parto, pena que só tinha vinte musica e no final já não aguentava mais ouvir porém hoje são as musicas que eu mais gosto de ouvir e automaticamente me lembro do parto. É muito bom. Quem quiser ouvir a playlist está disponível no spotify com o nome de: Parto Joaquim.

A respeito do parto e sobre aquela famosa guerra parto normal x parto cesárea. A mulher deve ter o direito de escolher baseada em informações verdadeiras. No pré natal com o médico do plano de saúde, percebia mulheres perdidas e sendo orientadas por um profissional oportunista e esta situação é triste. É um direito básico ser bem informada pelo profissional que nos acompanha. A mulher que tem medo da dor do parto, seria interessante por esses medos para fora e trabalhar essa angustia referente a dor, afinal por vivência digo que os dois vão doer sim. Até no pós parto mas são dores diferentes. 


Minha conclusão é que valeu totalmente a pena. Toda a busca pelo parto e ele enfim acontecer. Foi uma experiência incrível. Faria tudo de novo e já estou sofrendo por ter acabado. E se você for fazer um parto domiciliar vale a pena registrar. Nós não contratamos uma fotógrafa mas a nossa querida parteira tinha uma amiga que se ofereceu para tirar fotos. Não recebi todas as fotos só algumas amostras mas o pouco que vi já me fez voltar naquela noite.


"Para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar a forma de nascer" (Michel Odent)






domingo, 6 de dezembro de 2015

Nuvens e balões - decoração chá de bebê do Joaquim!

Como já mencionei algumas vezes por aqui, nós estávamos (estamos haha) sem muita grana para fazer grandes coisas, afinal nossa verba foi destinada ao enxoval e parto do bebê. Na realidade quando engravidei estava na duvida se valeria a pena o estress de fazer um chá de bebê, afinal estaria sozinha e eram tantas coisas para fazer. De qualquer forma se fosse fazer gostaria de algo bem simples e original. Com a ajuda de uma amiga, começamos a pensar na decoração e decidi que o tema seria balões e nuvens. As cores foram azul, amarelo e verde.
O local escolhido para o chá foi o salão de festas do prédio de um amigo nosso. Era um ambiente bem bonito e super combinou a decoração. As comidas foram no estilo chá da tarde, o gasto além de ser menor, a comida não é tão pesada, já que o chá de bebê foi as três da tarde, logo após o almoço.
A decoração foi mais complicadinha de tirar da cabeça e trazer para a realidade. Minha amiga fez balões de feltro e eles foram grudados em palitos de churrasco e fizeram parte do centro de mesa. Nuvens de papel no canudo e na garrafinha de vidro. Algumas coisas eu e o Bruno compramos na vinte e cinco de março que fomos quando eu estava de 33 semanas, loucura total. Mas valeu super a pena, a decoração ficou uma graça e do jeito que eu quis. O bolo de fralda, fizemos eu e minha irmã, foi bem fácil e utilizei um pacote de fraldas que já havia ganho antes do chá, o que ajudou a economizar também.


Visão geral da mesa 


As bandeirolas já são um clássico das nossas festas. Todas as que eu fiz para o Gabriel tiveram e do Joaquim não seria diferente. Elas são feitas de feltro, nós que fizemos e os pompons compramos na vinte e cinto.



Compramos essa botinha e os canudos. As garrafinhas minha amiga me emprestou.



Detalhes das nuvens no canudo.



Esse suporte para doces é rosa de florzinhas, nós usamos na festa da Peppa Pig o ano passado. O rosa não combinava com as cores que eu escolhi para o chá, então pegamos um feltro azul claro e cortamos e ficou assim, simples e conseguimos usar o suporte. 



Usamos um prato normal, usamos no dia a dia esse aí. Combinou com a decoração clean do chá.



Detalhe da bota, as flores são mosquitinho e compramos do lado do cemitério e foi bem baratinho. 



Detalhe do bolo de fraldas e o Vans <3



As toalhas da mesa dos convidados eram amarelas ou verdes, todas xadrez. O centro de mesa foram vasos feitos com palito de sorvete e uma rendinha. E balões de feltro.



Servimos sucos, chá e refrigerante. 



Tortas feitas pela minha mãe.



Leve e econômico.


Bolo feito pela minha tia.


Pedi ajuda para minha tia para que ela fizesse um bolo de cenoura e um bolo de fubá com goiabada, estavam deliciosos. As tortas quem fez foi a minha mãe e servimos pão de queijo, compramos congelado e fizemos na hora, delicia. 
Não tirei fotos das lembrancinhas mas foram cones de casquinha recheados de doce de leite ou beijinho, comprei na chocolândia no dia do chá, estavam muito gostosos e fresquinhos.

Enfim, essa foi a decoração do chá do Joca.
Beijos :)

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Como ter um parto domiciliar? (parte II)

Eu acredito que o primeiro passo para quem não sabe o que fazer, é procurar algum lugar próximo onde existam essas rodas de gestante, é muito bom. Você consegue esclarecer duvidas, trocar experiencias e conhece as pessoas que estão envolvidas no meio da humanização do parto, que podem te ajudar a escolher o lugar ideal para ter o seu bebê. E nunca é tarde para ir, nós fomos com trinta e uma semanas e no lugar só fazem encontros de quinze em quinze dias e mesmo assim agregou muito os encontros que nós participamos. Saia de lá muito animada.
Já no primeiro encontro nós conhecemos a Raquel que é uma obstetriz e marcamos uma consulta com ela. No próprio espaço já é possível encontrar a equipe ou ter recomendação para encontrar a equipe.
A Raquel fez uma consulta de mais de duas horas, foi muito bom. Ainda bem que a gestação do Joaquim, assim como a do Gabriel, não houve intercorrência alguma, sem alterações de exames e engordei num total de seis quilos. Isso me enquadra em uma gestação de baixo risco e eu posso ter um parto domiciliar. A Raquel que é a obstetriz, tem a equipe dela que incluiu a Thaís que também é obstetriz. Elas que assistiram ao parto.
O segundo passo (ou talvez o primeiro passo),ao meu ver, é ir em busca de uma doula para chamar de sua. A doula tem um papel fundamental em todo o processo, gestação, parto e pós parto. E um ponto importante é rolar empatia entre você e ela. E obviamente vocês terem contato rápido e fácil acesso dela para sua casa.
E então comecei a buscar uma doula mais próxima a mim, afinal a Érica era muito legal mas morava bem distante de mim. Encontrei no mesmo espaço a Raquel (sim, o mesmo nome da obstetriz), ela é um amor e tivemos um primeiro encontro na minha casa e conversamos tanto e foi tão bom que não vimos a hora passar e ela ficou em casa das seis da tarde as dez da noite, me ouvindo e conversando. Foi muito bom! Já sabíamos que ali estava a nossa doula querida.
É imprescindível que se tenha um plano B, porque existe a possibilidade de ser feita uma transferência para o hospital. No plano de parto deixamos especifico o hospital que desejamos ir caso seja necessária a transferência e este deve estar a no máximo trinta minutos de distancia da residencia e um hospital para um plano C, para uma transferência imediata e que não possa demorar mais do que dez minutos.
Em relação a ter um neo pediatra na hora do parto ou imediatamente após o parto, nós cogitamos contratar um pediatra, chegamos a entrar em contato com um pediatra mas preferimos deixar para levar o Joaquim em um pediatra da nossa confiança, o mesmo que nós levamos o Gabriel. As obstetrizes tem formação para avaliar o bebê assim que ele nasce. Ficamos tranquilos assim. Mas é possível ter um presente no parto.
Por fim, nossa equipe está completa. É importante confiar na sua equipe e buscar ter uma certa intimidade com ela, afinal é um momento importante da sua vida e é bom ter pessoas com quem você se sinta confortável. Empatia é tudo nesses momentos.
É uma sensação maravilhosa saber que estou a espera da realização de um sonho, que terei meu bebê no conforto da minha casa. Hoje estamos na espera da vinda do Joaquim, é claro que teremos um plano B, para caso seja necessária alguma transferência para um hospital próximo. Mas estamos confiantes e convictos que tudo será como planejado.
O texto só foi divulgado após o parto afinal nós temos pessoas a nossa volta que vão reportar os seus medos e angustias e nós não estávamos dispostos a receber essa energia! De qualquer forma quando eu fiz este texto deixei uma mensagem para que pudesse ler depois:

"Desejo de que a nossa luta não tenha sido em vão e que você Joaquim tenha uma doce chegada a este mundo, nós como pais fizemos o possível e acredite, o impossível também, para que você tivesse o nascimento mais respeitoso e a melhor recepção que um dia pudemos imaginar. E tudo que eu desejo é que seja incrível e que tudo dará certo!"

Escrevi esse texto com o intuito de ajudar mulheres que estejam em busca de montar uma equipe para um parto domiciliar. Busquei muito informações na internet a respeito deste assunto e espero poder ajudar quem estiver na luta assim como um dia eu estive. Se alguém tiver alguma duvida, só comentar :)

Beijos

Como ter um parto domiciliar? (parte I)

A segunda gravidez foi uma loucura e uma delicia. Foram semanas de muita incerteza mas que enfim deram lugar a semanas de muita tranquilidade. Hoje estamos mais próximos do que nunca do parto e não é algo que me assusta. Isso é incrível! E gostaria de registrar algumas coisas. 
Quando descobri a segunda gravidez, nós estávamos planejando nos mudar para o EUA. O nosso dinheiro já havia sido investido nisso e o pré natal seguiria até certa data aqui no Brasil e logo em seguida nós continuaríamos o pré natal por lá e o parto também. O Bruno foi para lá no dia 26 de março de 2015 e nós quatro (Eu, Gabriel, Mia e a sementinha) ficamos no Brasil. O plano era o Bruno deixar as coisas por lá o mais organizado possível e nós iriamos em dois a quatro meses. Mas algumas coisas foram acontecendo e meus planos foram mudando. A vida não estava seguindo o plano que tracei que seria o melhor e comecei a rever a situação de sair do Brasil. Em maio foi as minhas férias e  passei oito dias na cidade de Boston, junto com o Bruno. Foi uma viajem muito boa, fiz o enxoval do bebê por lá, passeamos e por fim me decidi que lá não era o lugar que eu gostaria de ir com a minha família. Optei por ficar no Brasil e o Bruno voltaria após cinco meses por lá. O pré natal foi praticamente todo pelo convenio. Não foi fácil. Todas as vezes que eu precisei ir no médico era uma tortura, eu não conseguia sentir empatia por ele.
Quando estava no começo da gravidez, cheguei a entrar em contato com uma doula do espaço GAMA, marcamos duas vezes de nos encontrar e não deu certo. Tive aquilo como um sinal de que não era para ser com ela. Quando estava com dezenove semanas descobri uma médica humanizada Dra Betina Bittar e cheguei a ir em uma roda de gestantes na Caza da Vila, foi muito bom, me senti acolhida, que delicia estar no meio de pessoas que pensam como você. Cheguei a marcar uma consulta com a Dra mas o valor da consulta era totalmente fora da minha realidade e não tinha como pagar a consulta e provavelmente nem o parto. Voltei a estaca zero novamente. Foi então que me indicaram uma doula, a Érica. Ela foi um amor comigo, veio na minha casa e conversamos muito, ela acendeu novamente em mim a chama do parto domiciliar mas era algo muito distante para mim. Ela seria então a minha doula. Tentei ver o parto no SUS mas não me sentia segura. Optamos então por ir para o plantonista do hospital, o mais tarde que conseguisse. Mas mesmo assim a Érica buscou em grupos no facebook por uma Enfermeira Obstétrica que pudessem assistir meu parto.
Descobrimos também que havia rodas de gestantes aqui na minha cidade. Por fim entrei em contato com uma das enfermeiras obstétricas que ela encontrou no grupo do facebook, a Silvia, que foi super solicita comigo, me add no whats e aguentou um milhão de perguntas e duvidas. Após a conversa percebi que não teria condições de ter um parto domiciliar. Eram muitos os obstáculos e o dinheiro envolvido, sendo com aquela equipe que eu havia contatado. Mas por fim, desisti da ideia do parto humanizado domiciliar ou mesmo humanizado.
Quando eu e o Bruno conversávamos sobre isso, chorei muito, muito e muito. Sofri demais. Foram muitas noites péssimas, muito sofrimento mesmo. Aquilo me afetou muito e eu tinha muitos pesadelos com o parto, cogitei um parto domiciliar desassistido, um parto em que o bebê nascesse no carro, qualquer coisa que eu conseguisse fugir do hospital, tinha pavor de ter o bebê em qualquer lugar que não fosse a minha casa mas o hospital era o pior deles. A pior parte na busca do parto humanizado é a dificuldade de quem esta a sua volta de entender essa vontade. Eu sou aquela pessoa da família, da cidade, do estado e do planeta, que é do contra. Porque cargas d'água eu quero pagar uma equipe para um parto normal? domiciliar? o que eu tenho na cabeça? A realidade da mulher que busca esse tipo de parto, o humanizado, é a todo momento colocada em cheque, se eu fosse ganhar um centavo cada vez que tive que ME explicar pela MINHA busca. Como é difícil. O apoio foi uma das coisas que mais me fizeram recair diversas vezes. Ninguém quer te apoiar, começa a conversa com aquele jeitinho "conta pra mim, pode confiar" e acaba a conversa com "nossa você é louca, né?" Porque julgamento é o que eu mais precisava não é mesmo? Por fim, após muito sofrimento, decidi ir em busca de uma equipe que bancasse a minha escolha e bati o martelo e junto ao Bruno resolvi ir atrás do meu parto, afinal era meu sonho.
O ano de dois mil e quinze veio para me provar que eu sou capaz, mesmo que aos trancos e barrancos, sou capaz de me colocar em primeiro lugar, de ir atras dos meus sonhos e fazer com que eles se tornem reais.  Não sou ingrata, sei que algumas pessoas me apoiaram mas existem certas pessoas que eu gostaria tanto que tivessem me apoiado, seria fundamental para mim. Mas de qualquer forma... O Bruno e eu decidimos e fomos em busca. Mesmo tendo decido isso, precisava continuar a passar com o médico do convênio. A cada consulta era um estress mas eu ia levando.
O Bruno chegou quando estava completando 31 semanas de gestação. Chegou no dia que fomos fazer uma ultra, foi uma surpresa muito boa. Foi uma felicidade sem fim. Por dias eu achava que era sonho. E foi nesse exato momento que eu cai na real que estava muito mais próximo o parto e que nós ainda não sabíamos o que fazer. Eu entrei em contato com uma médica humanizada que foi indicada pela Silvia e a mesma já não tinha disponibilidade para este ano. Achei que era o fim. Mas decidimos ir na roda de gestantes, no Espaço Santosha e já que o Bruno havia chego, resolvi ir com ele. Foi muito bom, fomos ao encontro, com uma obstetriz, a Raquel, ela conduziu a conversa ao lado de duas doulas da casa, a Raquel e a Nanda. Nós conhecemos alguns casais, todos nós estávamos ali para ouvir sobre os locais ideais para o parto: hospital, casa de parto e domiciliar. Já havia comentado que o fato de eu ter uma cesárea anterior, não sou aceita em casas de parto.
O que é muito ruim, já que não tinha uma equipe particular para seguir a um hospital e ter um parto respeitoso. Sei que é muito difícil para algumas pessoas acreditarem nisso mas o parto normal é praticamente impossível principalmente um parto onde nós tenhamos nossas vontades respeitadas. A cesárea anterior me torna alvo fácil num plantão de hospital para uma nova cesárea. A hipótese de passar por uma cesárea hoje é: apenas se estivermos correndo algum risco de vida, afinal a cesárea serve para isso. Vejo algumas pessoas batendo o pé e dizendo que vivemos uma ditadura do parto normal e eu só queria entender: aonde? Me diga, quantas mulheres você conhece que no ultimo ano tiveram um parto normal? Mesmo pelo SUS... Eu não conheço nenhuma! De qualquer forma, eu sempre soube o que eu queria, desde quando eu assisti o documentário "O renascimento do parto", já havia batido o pé e dito que o próximo bebê nasceria na nossa casa. Lembrando que para cogitar um parto domiciliar, a gestante precisa ter uma gestação saudável e de baixo risco. Era o meu caso mas durante o pré natal qualquer alteração que surgisse o parto domiciliar seria automaticamente descartado. Não estava colocando a minha vida e muito menos a vida do bebê em risco.

*Dividi esse texto em duas partes porque ficou muito longo.



domingo, 15 de novembro de 2015

Relato de parto domiciliar - Joaquim!

Terça feira completamos 41 semanas de gestação. Se na semana anterior eu tava ansiosa, afinal 40 semanas tem seu peso né?! Rola uma mega pressão das pessoas a volta e nossa também. Eu já estava impaciente e já estava achando que chegariamos as 42 semanas. Na terça-feira as meninas vieram aqui em casa para mais uma consulta de pré natal e nessa mesma consulta combinaram da gente fazer uma despedida da barriga. Elas vieram e estava tudo bem tanto comigo como com o Joaquim. Nós conversamos sobre o que fariamos caso chegassemos nas 42 semanas, eu não estava disposta a esperar mais do que isso, pois já não tinha tanta segurança assim. Então ficou combinado que chegando a terça-feira e as 42 semanas, iriamos para o hospital. Porém antes de chegar a esse ponto nós combinamos de na sexta feira fazer o descolamento de membrana (uma forma de indução do parto). Algumas cólicas de vez em quando apareciam e depois iam embora. Não estava levando fé que entraria em trabalho de parto mas eu li em algum lugar que dizia que o trabalho de parto começa na cabeça e comecei a tentar trabalhar isso, tirar da mente tudo que pudesse estar atrapalhando. Na mesma noite da consulta de pré natal as meninas fizeram uma despedida da barriga. Fizeram um escalda pé,o Bruno e a Raquel (minha doula) fizeram massagem em mim e o Gabriel ajudou, a Raquel (obstetriz) leu um texto e foi bem emocionante, uma forma de me concectar com o meu corpo e o Joaquim para o processo começar a fluir. Na quarta feira as coisas continuaram calmas e não sentia nada. Na quinta feira a noite saiu um pouco de tampão, não foi nada enorme mas saiu e deu uma esperança. Comecei a refletir sobre o descolamento e o quanto invasivo e dolorido ele era. Sem contar que ele poderia induzir a bolsa a romper e isso poderia atrapalhar a realização do parto dolicliar, já que existe um tempo que podemos ficar com a bolsa rota. A Raquel sugeriu fazer acupuntura que era algo que era natural e não invasivo. Conversei com o Bruno sobre os prós e contras e então optamos por fazer a acupuntura e ver no que daria. Na sexta feira as onze da manhã, a Gabriela veio aqui em casa e ao meio dia e pouco quando ela saiu já sentia contrações, irregulares e espaçadas, mas sentia. Tentei manter o ambiente do quarto o mais tranquilo possível e escuro para nao atrapalhar a evolução. Durante a tarde continuei com contrações irregulares. Foi chegando a noite e foi ficando bem longe uma da outra. As meninas sugeriram fazer um shake que também dizem induzir o parto. Eu fiz um copo de agua fria de côco, melão, leite condensado e uma colher de óleo de ricino. Tomei um banho e tomei o shake. Uma hora depois  comecei a senrir umas contrações. Fomos deitar e começaram a rolar contrações chatas, no intervalo entre elas conseguia dormir e quando vinha uma contração acordava, respirava fundo e tentava me manter tranquila. Quando acordei de manhã, fui tomar um banho para da uma relaxada mas ainda assim vinham contrações e cólica no pé da barriga. Não era intenso mas existia uma dorzinha. Mandei uma mensagem para a equipe e elas pediram para que eu marcasse o tempo entre uma contração e outra. Durante quarenta minutos eu marquei e estava tendo contrações a cada seis minutos, duravam em torno de um minuto. Não estava levando fé e quando a Raquel (doula) disse que estava vindo para minha casa, fiquei receosa de ser apenas um alarme falso, afinal eu ja tinha tido cólicas e contrações, claro que nada do tipo tão intenso mas já não sabia exatamente o que esperar de um trabalho de parto, seja a fase latente ou ativa. Quando a Raquel chegou, minha mãe tinha acabado de levar o Gabriel embora e comprou almoço para nós. Ai a Raquel começou a marcar as contrações. Eu conseguia conversar e rir. Passado uma hora mais o menos, as contrações vinham e eu já precisava ficar quieta ou falar um palavrão, não fui muito fofa no trabalho de parto. Em seguida chegou a Raquel (obstetriz) e Laine (fotógrafa), com muitas e muitas coisas. Arrumaram o espaço para montar a banheira. Minha casa ficou totalmente diferente. Enquanto isso as contrações estavam lá, quando vinham todos ficavam em silêncio, eu estava começando a ficar cansada e com sono, as menina sugeriram que eu fosse deitar com o Bruno. Elas desligaram as luzes e ficamos a luz de velas no quarto. Tive três ou quatro contrações deitada e foi bem difícil lidar com elas nessa posição e então resolvi levantar da cama. Já estava escurecendo la fora e ai percebi que a Thais (obstetriz) também havia chego. Elas começavam a encher a piscina e o Bruno o tempo todo por perto. Não queria que ele saisse de perto de mim. Eu lembro que ainda assim duvidava que estava de fato em trabalho de parto. Eu tinha uma ideia totalmente diferente da dor e mesmo sabendo que ela se intensificaria, era uma dor muito doida, ela vinha, ela era intensa e vinha lá no fundo do ventre e depois ela ia embora, não estava sofrendo de dor, sentia ela, que vinha e depois ia, quando ia embora tudo voltava ao normal. Então as meninas sugeriram que a gente pedisse uma pizza, afinal desde a uma da tarde não havia comido nada. O Bruno foi comprar refrigerante e eu pedi a pizza e quase tive uma contração no meio do pedido hahahah 
As contrações estavam doloridas, ficava quieta e respirava fundo. A banheira encheu e então eu decidi entrar nela. Nossa muito bom. Tava uma delícia mas não conseguia achar uma boa posição para lidar com a dor. O Bruno deu um pouco de pizza pra mim na boca enquanto eu estava na banheira. Até esse momento estava fácil de lidar com as contrações, eram doloridas, eu fazia barulho, tipo gritava mas não muito alto ainda. Depois da comida, me lembro do Bruno ir colocar uma bermuda e também fazer café, desse momento em diante começou a ficar mais dificil. Eu fiquei na banheira mas foi ficando mais difícil de lidar com a dor e única posição que eu conseguia ficar era de joelho e apoiada em alguma coisa, minha perna tremia de dor por ficar tanto na mesma posição. A partir da meia noite em diante tudo ficou um tanto quanto turvo. O tempo pra mim passou rápido até aqui...
As dores estavam bem intensas e ela iam  e vinham cada vez mais próximas uma das outras, achava que estava acabando. As três da manhã as dores estavam muito fortes e eu gritava muito a cada contração que chegava. Não é um grito de sofrimento mas era um grito vocalizando, era automático sair o grito. Pensava nos vizinhos lá fora. Chegou um momento que a Raquel pediu para fazer um toque, o primeiro e único do trabalho de parto, ela verificou que estava com 8cm de dilatação, quase 9cm. Acabou comigo que achei que estava tão próximo. Achei que tava totamente dilatada. Tive que deitar na cama para o exame ser feito e foi horrível, não o toque mas as três contrações na cama e eu achei que ia morrer. É uma dor que parece que vai te quebrar ao meio e ainda bem que depois vai embora. Quando a Raquel e o Bruno conseguiram me tirar da cama, fomos ao banheiro, entrar no chuveiro. Era muito difícil mudar de posição, estar sentada e levantar por exemplo, cada vez que eu mudava a posição vinha uma contração mais forte que a anterior. Entrei no chuveiro e fiquei sentada em um banco e deixei a agua quente cair na barriga e também nas costas. Não sei por quanto tempo fiquei no chuveiro. A Raquel (doula) foi essencial nesse momento, ela basicamente entrou no chuveiro comigo e quando eu vinha a contração, eu chamava por ela, apertava a mão dela e o olhar dela como se me incentivassem a seguir e que eu estava indo bem. Mas as dores estavam tão dificeis e eu cheguei no momento de covardia, pedi para ir para o hospital. Eu gritava, chorava e pedia para ir para o hospital. A Raquel (obstetriz) quis saber porque eu queria ir pro hospital e eu dizia que não tava mais aguentando a dor e eu só queria dormir, descansar, tava muito difícil. Eu também estava com medo da hora que a cabeça do bebê saisse, tinha medo da dor que seria. A Raquel (obstetriz) veio e disse que ia demorar um pouquinho mais e que a dor já era a maior que eu poderia sentir e que eu estava aguentando. Derepente surgiu a minha mãe na porta do banheiro, ela e a minha avó ficaram a noite inteira esperando acabar o parto. Ela veio e disse que eu iria conseguir. E eu repetia que queria ir pro hospital, porque doia tanto, porque estava com sono, porque o bebê não queria nascer. Chinguei muito, falei muitos palavrões e gritei demais. Eu não estava conseguindo deixar a dor vir, estava brigando contra ela. Eu repetia para mim mesma para de brigar com a dor mas a dor é muito forte. Chamava o Joaquim, gritava, pedia ajuda dele. Falava que eu estava pronta e que ele poderia vir. Até que minha bolsa estorou, fez um ploc e então eu gritei a bolsa estorou e veio uma contração muito forte. E a partir dai mesmo tendo dado um ânimo, ficou mais intenso. Sentei no sofá e quando a contração vinha, eu ficava de cócoras e puxava o rebozo que estava na Raquel (doula). O dia já estava clareando e eu já não aguentava mais. Não parava de repetir que estava cansada e que não queria mais. O Bruno ficou ao meu lado o tempo inteiro, a todo momento, eu precisava dele ali presente, me dando a mão ou mesmo só me olhando, ele ficava próximo e quando a contração chegava, ele respirava e falava respira. Foi um companheiro maravilhoso. Minha mãe então entrou novamente e veio falar comigo, disse que o carro tava la fora e que se eu quisesse ela me levaria para o hospital mas que ela e meu pai acreditavam e confiaram em mim. E que eu não poderia desistir agora. Eu acredito que esse foi o que eu precisava para tirar forças la do fundo da alma para poder parir. A partir desse momento as contrações foram muito muito fortes e estávamos mais próximos do nascimento do Joaquim. As últimas contrações vieram, mais fortes e mais demoradas porém mais espaçadas uma da outra. Consegui sentir a cabeça do bebê vindo mas ela voltou. Fiquei desesperada, porque ele estava voltando?! Me disseram que era aos poucos e que ele estava vindo. Mais uma.E de repente não conseguia mais segurar a vontade de fazer força, força de côco. E então eu senti o circulo de fogo que ta mais pra um vulcão, queima mesmo. Senti a cabeça sair e gritava para alguém segurar o bebê. Eu estava num cantinho da sala, próximo ao sofa e foi ali que o Joaquim veio ao mundo, era um espaço estreito e tinha a impressão que ninguém conseguiria pegar o bebê. Mas obviamente elas conseguiram pegar ele. Quando ele saiu, saiu tudo junto e um berro muito forte. E então ele veio pro meu colo e eu não podia acreditar que aquilo tinha acontecido. Era surreal. Ocitocina pura, felicidade, amor, sensação de ser foda, de ser mamífera, eu consegui, nós conseguimos, eu pari, ele nasceu, quando quis. Ele é perfeito. A cara do irmão. Que saudades do Gabriel. Que realização. 
Depois de todo esse momento mágico que vivemos, era preciso levantar e não foi fácil, minhas pernas tremiam e eu não tinha muitas forças, foi um esforço físico muito grande e como a única posição que eu conseguia ficar era cócoras, foi esforço demais. Consegui levantar com a ajuda da Raquel, Thais e do Bruno. Fomos para a cama e fui examinada pela Raquel, tive uma laceração e tomei quatro pontos, mas foi tranquilo, foi mais difícil manter as pernas flexionadas e abertas do que os pontos. Enquanto isso o Bruno ficou com o Joaquim no colo, eles ficaram namorando. E enfim o Joaquim voltou para o meu colo. Amamentei ele e enquanto isso a Thais deu a vitamina k, ele nem demonstrou sentir dor, continuou mamando feliz da vida, mediram, pesaram e avaliaram, estava perfeitinho. Que delícia ter meu bebê ali, na minha cama, namoramos ele, babamos muito. Me deixaram no quarto e começaram a arrumar a casa que estava com banheira cheia de agua, banheiro molhado, chão com sangue. As meninas e o Bruno deram uma geral. Todas exaustas e o Bruno nem sei como aguentou também. Depois que todo mundo foi embora, ele deu uma boa geral na casa e só foi dormir depois que eu tomei banho e almocei. Ele foi fantástico, um super companheiro, sem ele seria impossível. Não consigo pensar nas palavras que possam descrever tudo que eu sinto por ele e ainda mais depois dessa experiência. Um amor que só cresce mais e mais. A equipe eu não tenho palavras para agradecer a mega assistência, disponibilidade, o carinho comigo e com a minha família. A nossa doula Raquel, que mulher incrível, obrigada por tudo. Às obstetrizes Raquel e Thais, sem palavras por toda a assistencia, delicadeza e o amor de vocês pelo que fazem. Foi muita sorte a minha ter vocês em um momento tão importante da minha vida,obrigada. A Laine, fotógrafa, você foi demais, soube ser presente mas sem ficar em cima da gente, me ajudou no parto com palavras de incentivo, me deu a mão em um momento que busquei por alguém. Agradeço a minha mãe que mesmo não concordando me apoiou, deu um suporte incrível no dia do parto e também pós parto. Obrigada Mãe, sei que não foi nenhum pouco fácil para você, te amo muito. É só tenho um sentimento depois de toda essa experiência, gratidão. Gratidão por todas as vibrações positivas e por todos que torceram pelo parto. Gratidão a Deus. Foi incrível. 

domingo, 25 de outubro de 2015

trinta e nove semanas e os meus registros.

Não vou separar por dias essa semana, eu não registrei as fotos porque na maioria dos dias fiquei em casa e foi um tanto quanto monótono. De qualquer forma essa semana foi mais emocionalmente difícil. Eu não estava me sentindo ansiosa e agora já existe uma pontinha de "e ai?".
Essa sensação aumentou entre a quinta e a sexta, porque eu comecei a sentir uma cólica chatinha e contrações, não dolorosos mas sentia e enfim, alguns sintomas que podiam indicar um inicio de trabalho de parto, me senti feliz. Avisei para a minha equipe, doula, obstetriz e tudo mais. Mas o Joaquim não veio. Depois desse dia comecei a ficar mais esperançosa por sinais e no final das contas tudo parou. Não senti algo tão forte, só algumas vezes umas contrações de treinamento, vez ou outra uma cólica. Fiquei um tanto quanto desapontada. De repente comecei a sentir um medo por estar chegando as quarenta semanas e nenhum sinal. Procurei sair para me distrair, afinal de nada adiantaria ficar na minha casa pensando e ansiando sentir algo. Na sexta feira a noite fui na casa da minha tia e chegamos em casa as três da manhã, foi muito bom, conversei bastante e me distrai. No sábado, nós acordamos tarde e demos uma arrumada na casa e o Bruno fez uma tattoo. Fui com a minha mãe no shopping para comprar um tênis para o Gabriel, mesmo rápido, é tão cansativo sair de casa. Cheguei em casa, jantamos e tomei um banho, estava sentindo uma cólica fraquinha. Deitei na cama e fui assistir o show dos Los Hermanos que estava passando no Multishow, me distraiu e fiquei pensando que eu poderia estar lá mas não fui por saber que a DPP era basicamente na mesma data. Assisti o filme Eclipse que estava passando na TV. Fomos dormir quase três e meia da manhã. Acordamos com meus pais chamando e já levantei, tomei café da manhã, venho acordando com uma fome de leão. Dei uma arrumada na casa e o Bruno foi jogar bola. Depois comecei a fazer o almoço, assisti TV, nós almoçamos e eu decidi ir deitar. Dormi das três e meia da tarde até as sete. Foram dias para esperar o Joaquim. Cehgamos as quarenta semanas. 

trinta e oito semanas e os meus registros.


Com o intuito de não me esquecer como foram os últimos dias ou semanas do Joaquim na barriga. Todos os dias eu tiro uma foto para registrar o momento que estamos vivendo. Comecei na terça feira, data que completei trinta e oito semanas. 


Terça feira, 13 de outubro de 2015. 


Nós acordamos e o Gabriel não teve aula, tomamos um café da manhã e nos arrumamos para sair, tivemos consulta com o médico do convênio, a ultima consulta finalmente. Nós deixamos o Gabriel com a minha avó, já que o médico sempre demorava demais e nós sempre ficamos lá cerca de duas a três horas (um absurdo, eu sei). Pois bem, a Tainá nos levou até lá e chegamos eram meio dia e quarenta e cinco, nossa consulta estava marcada para a uma e meia da tarde e o médico chegou no consultório que já estava abarrotado de mulheres à duas e meia da tarde, por sorte fomos os primeiros a chegar e consequentemente os primeiros a serem atendidos. Logo que chegou nos chamou, entramos no consultório e ele logo já fez a seguinte pergunta: 
"Boa tarde mãe, tudo bem? Qual a data da ultima menstruação, hmmm, nossa, vamos marcar então?"
E eu olhei para ele e disse: "Nós não vamos marcar nada, será parto normal" 
Ele: "É mãe, não tem como marcar mesmo, os hospitais não marcam mais porque os convênios não aceitam mais. Então eu tenho que levar a minha equipe. De qualquer forma agora temos que deixar a natureza agir!" 
Pelo que eu interpretei dessa fala dele, o que ele iria propor era o valor da equipe dele e a cartinha de consentimento da cesárea estava em cima da mesa. Ou seja, algo super recorrente. Ele sugere marcar a data do parto, logo os hospitais não cobrem, logo ele passa o valor da equipe dele. 
Então ele me pediu uma ultra na semana anterior e eu até tentei marcar no lugar onde ele mesmo pediu que todos os meus exames fossem feitos e com o médico especifico e eu não consegui. Mas de qualquer forma também não estava muito afim de marcar, afinal, não havia nada a ser visto, agora aos quarenta e cinco do segundo tempo. Mesmo porque já havia consultado a Raquel e a Silvia e de fato não havia necessidade. O Dr. me deu uma mega bronca, foi um estupido e disse que eu estava colocando a vida do meu filho em risco e deveria ter marcado em algum outro lugar o exame que ele mandou que eu fizesse. Pois bem, eu disse que agora não adiantaria nada ele me dar uma bronca né, afinal não mudaria nada. E disse que de qualquer forma o bebê estava mexendo e nós já havíamos ouvido seu coração e feito os ultra ao longo da gestação. Ele retrucou e disse que não daria para saber a vitalidade do bebê dessa forma e novamente me disse que sou irresponsável.
Então ele levantou da mesa e disse assim: "Vamos lá dentro e faremos o exame de toque, mediremos sua pressão e vamos ouvir o coração do bebê" e eu fingi que não era comigo e entrei nada sala e ele então me pediu para tirar a parte de baixo da roupa e deitar na cama. E eu respondi que não faria exame de toque. 

E ele me fuzilou com os olhos e disse: "Como assim? você virou médica agora?" e riu da minha cara.

Retruquei ele: "Pelo que eu sei o exame de toque só tem necessidade, se tiver, durante o trabalho de parto, se eu não estou em trabalho de parto, qual a necessidade de fazer o exame de toque? não sou médica mas tenho todo o direito de me negar a fazer o exame, correto?" 
E então ele me olhou com desprezo e novamente me disse que eu estava colocando a vida do meu filho em risco, disse que respeitaria a minha vontade de não fazer o exame de toque mas que era responsabilidade minha e que ele a partir dali não me atenderia mais. Deitei na cama e ele colocou o aparelho de ouvir o coração do bebê na minha barriga e ao invés de buscar o coração do bebê, ele simplesmente deixou o o aparelho no mesmo lugar onde não se ouvia absolutamente NADA, só uns barulhos da minha barriga mesmo. Com certeza ele diria que não estava ouvindo o coração e consequentemente me responsabilizaria novamente por algo, porém, o nosso filhote trolou o Dr. e então deu um chute e virou e então ouvimos o coração super batendo felizão. Olhei para o Bruno e xinguei mentalmente aquele médico medíocre. Ele mediu a minha pressão três vezes seguida para me machucar, media até doer e soltava. Fiquei quieta só observando. Nós já tínhamos ideia que peitar o médico seria foda e poderia ter consequências como estas mas eu não imaginei que o cara poderia ser tão infantil a ponto de tratar a gente daquela forma. Novamente o médico disse que nós eramos irresponsáveis e se ele fosse o pai do bebê, não seria negligente dessa forma. Pediu o nome e o RG do Bruno e anotou lá que me neguei a fazer o exame de toque. Ele repetiu que não me atenderia mais e disse que a partir de agora, qualquer problema eu deveria ir ao hospital e que ele não faria mais nada por mim.  Pedi então que ele me desse logo o atestado de licença maternidade e me levantei para sair. Ele levantou e disse que só pensava no melhor para todos nós e ainda por cima me chamou de mãezinha e me sugeriu não sair mais de casa e não ter relações sexuais (porque pronto para cesárea nós estávamos mas para transar e por ventura isso influenciar em um inicio de trabalho de parto NÃO!). Sai daquele consultório com muito mais ódio de médico do que quando comecei o pré natal. Eu já não curtia muito médico e hoje a minha visão deles é pior ainda (lembrando que estou falando de obstetras do convênio). São manipuladores e não te orientam em nada referente a chegada de um bebê, absolutamente nada. O pré natal é RIDÍCULO. Imagina uma pessoa sem nenhuma informação? Pois bem, estamos livres e mesmo tendo passado muito nervoso, saí de lá tremendo de ódio pois me segurei para não vomitar nele tudo que ele fez a gente passar durante o pré natal mas me poupei e refleti, nem isso ele merecia. Olhei aquela sala lotada e assim que saí da sala todo mundo ficou olhando para gente, deveria estar estampado na minha cara o ódio,a raiva, o desespero, enfim... Fomos embora! Chegamos na nossa casa as quatro e quinze da tarde. Um dia perdido!
De qualquer forma tiramos uma foto do dia feliz que era a ultima consulta com o GO fofinho!
 

Assistimos um filme legal chamado Sem Limites, muito bom porque eu não dormi hahahaha conseguiu prender a minha atenção até o fim.

 
Quarta feira, 14 de outubro de 2015.

Nós acordamos super cedo e fomos fazer exames de sangue. Eu e o Gabriel. Finalmente o ultimo exame do pré natal. O GO fofinho não havia me pedido aquele exame que tiramos o sangue e depois tomamos aquele liquido super doce e depois de duas horas de repouso e tiramos sangue novamente, a Silvia e a Raquel preferiram pedir o exame por precaução. Nós andamos de ônibus para alegria do Gabriel e ele não chorou para tirar sangue. O Bruno trouxe ele para casa assim que terminou o exame dele afinal o meu demoraria no minimo duas horas. Fiquei lá, não encontrava posição para sentar ou deitar na poltrona, foi difícil mas no fim dormi lá, toda torta. Quando acabou, voltei para casa e quando cheguei, tomei café da manhã mas em seguida vomitei tudo que estava no meu estomago e tomei um banho. Fiz o almoço e por fim fiquei deitada com o Gabriel na cama com o ar condicionado ligado porque o calor tava cruel. Quando foi a noite resolvi fazer um bolo de cenoura e ficou muito bom. Minha mãe e a minha irmã vieram aqui e foi quando eu contei para minha mãe que o parto seria domiciliar. Não foi fácil mas era necessário contar para ela. Até para a minha própria tranquilidade.

 


Quinta feira, 15 de outubro de 2015. 

Acordamos, tomamos um café da manhã e comecei a arrumar a minha casa, dia de encontro com a nossa querida doula Raquel. Estava um calor muito grande e a noite foi bem difícil e o dia estava difícil. Nós arrumamos aqui e eu fiz o almoço, a minha irmã não teve aula e o Gabriel resolvemos deixa lo em casa essa semana (já que na segunda feira foi dia de nossa senhora aparecida, feriado e a terça feira ele não teve aula pois emendaram o dia dos professores, na quarta fomos fazer exame, qual o sentido de ir na quinta feira e na sexta feira?) e então todos estavam aqui e ficaram brincando de água na banheira do Joaquim e com o lava rápido que ele ganhou no aniversário dele, foi uma tarde gostosa. A Raquel chegou aqui por volta das três e meia da tarde, é sempre muito bom nossos encontros, conversamos sobre tudo, tudo além do parto é claro. Ela ensinou para o Bruno algumas técnicas de massagem para me ajudar no alivio da dor e nos ensinou a contar as contrações através de um aplicativo e conseguir a identificar o começo do trabalho de parto. Foi bem legal! Ela foi embora aqui de casa quase nove da noite. E o Gabriel já havia dormido e então o Bruno foi comprar Mcdonald's para nós dois. O Gabriel acordou dez minutos antes do Bruno chegar, hahahaha Nós tentamos começar a ver um seriado, porque acho super maneiro casais que tem seriados que assistem juntos, pena que eu não consigo assistir, tentamos ver Braking Bad, legal mas um episódio já tava super ok para mim.

 

Sexta feira, 16 de outubro de 2015.

Nós acordamos e resolvi começar a organizar a casa, deixar tudo no seu devido lugar afinal nós podemos ter a chegada do bebê a qualquer momento. Guardei algumas roupas que eu havia lavado, terminei de montar o carrinho que também havia lavado (nós resolvemos não montar o berço agora, depois que o bebê nascer vamos sentir quando sera necessário montar, afinal, nosso espaço é pequeno). Arrumei as gavetas do Gabriel, tirei do armário as roupas que já não estão mais servindo e também arrumei as roupas do Joaquim, por tamanho. Na parte da tarde, a minha irmã veio para cá e nós almoçamos e tomamos sorvete. E ela terminou de passar algumas fraldas de pano que faltavam e o Bruno ficou brincando de skate com o Gabriel no quintal e ficamos ouvindo musica. Foi bom. De noite nós jantamos e assistimos um filme depois que o Gabriel dormiu. 

 
Sabádo, 17 de outubro de 2015. 

Acordei e comecei a limpar a casa e deixar tudo o mais limpo possível. Como na noite anterior eu senti contrações e cólicas, bateu um leve desespero porque nem tudo estava pronto. Arrumei a mala do bebê, minha mala, exames do pré natal, tudo no esquema. Me senti mais aliviada, Convidei a Jé e a Pati para virem aqui em casa e elas viriam a tarde mas por fim acabaram vindo a noite e a Taina e o Vini também vieram, a Amanda ficou aqui com a gente também. Nós fizemos pizza e foi muito bom ter eles aqui para eu conseguir me distrair. Rimos e conversamos bastante. Quando todos foram embora, eu e o Bruno arrumamos toda a casa (combinamos de todas as noites deixar tudo o mais organizado possível). E enfim, começou o horário de verão, o que não é tão legal assim. Nós assistimos um filme na TV e dormimos.


Domingo, 18 de outubro de 2015.

Acordamos tarde, afinal o horário de verão no primeiro dia muda tudo. A casa estava arrumada e eu acordei com o Gabriel quase onze e meia e nós fomos tomar café da manhã. Terminei de estender umas roupas, coloquei outras para bater na maquina. Fiz o almoço e de tarde assistimos o jogo do Corinthians na TV. Minha irmã veio aqui em casa e nós comemos carolina. E estava friozinho, senti cólicas, dores no quadril e na pélvis (desde trinta semanas eu sinto dores mas cada dia que passa elas se intensificam mais e mais). Dei uma cochilada de uma hora e jantamos sopa que a minha avó fez. 



Segunda feira , 19 de outubro de 2015.

Foi mais um dia difícil de levantar por conta do horário de verão, acordamos as onze da manhã. O Gabriel ficou em casa com a gente pois a noite teríamos um compromisso e minha irmã ficaria com ele, como ele chega sempre muito cansado da escola, dá um certo trabalho, resolvemos deixa-lo em casa e ele ficaria menos cansado e daria menos trabalho.
Tivemos mais uma consulta com a Raquel, nossa obstetriz. Dessa vez a consulta foi aqui na nossa casa e estamos bonitinhos só esperando o Joaquim dar seus sinais de que está pronto para chegar a este mundo. Espero que logo pois já não estou mais tão feliz com a gravidez, já tá cansativo demais. Acredito que ele venha só na semana que vem, teremos lua cheia, teremos as quarenta semanas completas, acredito que esse será o tempo dele vir mas amanhã também teremos uma mudança de lua o que é uma influencia também, de qualquer forma já não aguento mais.
Nós iriamos hoje ao nosso ultimo encontro no Espaço Santosha, seria o encontro com relatos de parto e eu estava muito afim de ir, nos programamos justamente para ir lá mas no fim os planos acabaram mudando e acabamos não indo, fiquei muito chateada porque adoro ouvir relatos de parto e eu estou em casa a duas semanas sem sair daqui a não ser para ir na minha mãe, por exemplo. Hoje seria uma forma de me distrair também, enfim, não fomos. Fechamos mais uma semana e estamos no aguardo :)



 




Você tem medo de que?

Quando eu penso no nascimento do Joaquim, imagino que será maravilhosamente lindo e encantador. Acredito estar fazendo o melhor para nós dois. Para nós quatro.
Quando eu me lembro do nascimento do Gabriel, penso no quão dolorido foi não tê lo. Não estar com ele no meu colo, sentir ele em contato com a minha pele. Mas jurava que tudo aquilo era normal. Eu não pude sofrer, não. Eu tinha que encarar de frente e não podia me levar por aquele sentimento que estava me dominando. Me lembro bem que as pessoas a minha volta diziam que eu era muito forte e eu concordava e sorria. Ninguém sabe exatamente o que eu e o meu marido passamos naqueles quinze dias que o Gabriel esteve numa UTI. Me lembro exatamente da hora que o Bruno entrou no quarto e disse: o bebê ta indo para UTI, ele não ta respirando. Tudo a minha volta ficou um pouco turvo, um pouco vago e o som baixo. A TV estava ligada e eu fiquei imóvel olhando para ela. Lembro da minha mãe, em pânico e lembro de todos saírem de dentro do quarto e eu fiquei sozinha. Pouco depois alguém voltou e disse que o Bruno estava lá com o bebê e que ninguém mais poderia fazer nada. Eles iriam embora e qualquer coisa eu poderia ligar. Foram momentos de solidão completa, foram momentos horríveis. Ninguém nunca vai conseguir entender ou sentir. Me lembro que em algum momento o Bruno voltou e eu perguntei sobre o bebê, ele me mostrou fotos e disse que ele estava lá na incubadora e que assim que fosse possível eu poderia estar lá. Foram quase nove horas sem saber quem era, como estava, como era sentir aquele bebê... Quando a enfermeira entrou no quarto me disse para tentar levantar e eu disse que não conseguia. Ela disse que só depois do banho eu poderia ver meu filho. Tirei forças de dentro de mim e fui me arrastando pela  cama e desci, fui caminhando ao banheiro e tomei banho, tudo com a ajuda do Bruno e da enfermeira. Me ajudaram a colocar uma roupa e nos trouxeram uma cadeira de rodas, fui levada a UTI pra ver meu bebê pela primeira vez após o seu nascimento. Que sentimento louco. Que sensação boa e horrível. Entrar na UTI, colocar a roupa e lavar a mão inúmeras vezes. Quando entramos, meu coração estava acelerado e borboletas no meu estômago, aquela sensação de ansiedade, tinha uma leve tremedeira. Chegamos enfim ao nosso bebê e ele era maravilhoso. Lindo, lindo, lindo. Que dor não poder pega-lo, que dor não poder sentir e carregar em meus braços. Eu nunca consegui escrever sobre esses momentos. Foram os mais difíceis que vivi nessa vida. Quando eu engravidei nunca passou pela minha cabeça que algo desse tipo pudesse acontecer. Nunca.
Eu chorei ao ver ele, não poder fazer nada... Impotência. Tudo isso era muito difícil de se assimilar. Voltamos ao quarto. Não me lembro se conversamos no trajeto até lá, só sei que eu chorei e uma enfermeira disse que se fosse possivel evitar o choro e a tristeza ao lado do bebê, a energia positiva ajudava muito na sua recuperação e ele precisava disso. Foi difícil. Quando chegamos no quarto, deitei na cama e não me lembro como foi aquela noite, aqueles dias, lembro de fatos isolados. O telefone tocou as seis da manhã no nosso quarto e trememos para atender. Solicitaram o pai na UTI. O Bruno foi sozinho mas eu estava lá de alma, junto com ele. Foram momentos de total cumplicidade nossa. Não vou me esquecer jamais do momento que a porta abriu, fechou e ele sentou do meu lado e começou a chorar. E eu comecei a chorar. Nós dois ali abraçados na cama, no escuro e choramos, de soluçar. Eu achei que havíamos perdido o nosso amor, nosso pedacinho, que eu nem tinha sentido direito no colo, que não amamentei, que esteve comigo durante nove meses... Mas na verdade eles só solicitaram a presença de um de nós para que fosse autorizado entubar. Ele não respirava. Eu também não respirava. Nós três, não...
Algumas pessoas vieram nos visitar e era um tanto quanto doloroso, não havia bebê e eu não via sentido das pessoas irem até lá, eu me sentia vazia. Me sentia em outra órbita.
O dia da alta foi desesperador. Eu pensava na distância que nós iríamos ficar. Eu estive com ele dentro de mim durante nove meses e de repente eu estava deixando ele do outro lado da cidade. Que desespero. Eu chorei muito e muito. Que dor. Dor física. Meu coração estava despedaçado. Me lembro de ligar pra minha mãe e só conseguia chorar e dizer que não conseguiria sair de lá. Eu não queria. Nos despedimos do Gabriel separadamente. Que sensação horrível. Eu pedi desculpa por ter feito ele passar por tudo aquilo. Eu nem sabia o porque. Não tinha ideia do porque de tudo aquilo acontecer com a gente e principalmente com ele. Foi o pior dia de todos. Nunca vou conseguir esquecer. Uma senhora na porta da UTI me disse assim: Calma, as coisas vão dar certo. Todas as vezes que você chegar perto dele, diga: Maria, passa na frente. Eu me lembro de apenas uma vez ter dito mas inconscientemente eu falava todas as vezes que via ele. Me agarrei a todas as forças que pudessem existir. Principalmente no nosso amor. Que sempre foi tão grande. Foram dias difíceis que se passaram. Quinze dias. Nós conseguimos, juntos. Juntos estamos.
Quando eu penso que não entrei em trabalho de parto ainda penso muito nesse sentimento guardado. Nesse sofrimento. Esse medo que senti. Talvez o Joaquim esteja sentindo que eu precisava sofrer por isso, chorar por isso, deixar ir embora. Joaquim, talvez a sua vinda seja para ajudar a cicatrizar essa ferida que existe aqui dentro. Todo esse pavor ir embora. Não é a toa que eu sempre repito para o seu pai: Não me deixa esquecer de respirar. Precisamos juntos respirar. Todos nós.
Gabriel, eu juro que fiz o meu melhor como sua mãe e eu tentei de todas as formas te proteger e cuidar. Me desculpa pelas coisas que fizemos você passar. Te amamos tanto que dói.
Joaquim, eu busquei durante a gestação ser alguém melhor para sua chegada. Procurei te dar a melhor recepção desse mundo. Te respeitar. Eu desejo que seja uma chegada linda, tranquila. Você está chegando para trazer a tranquilidade e mais união para nós. Que seja doce a sua chegada. Pode vir meu amor, eu estou pronta!
 
 
 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Aos poucos vou me despedindo...

Não é um segredo que eu sempre quis ser mãe, mãe de mais de um então, nem se fale... Quando eu engravidei do Gabriel não existiam planos para ele vir ao mundo tão cedo, mas a vida é assim e ele estava a caminho e eu que sempre fui mãe mesmo antes dele estar no meu ventre, fiquei encantada com a gravidez porém tinha muitos e muitos medos. Medo de parto, medo de não saber cuidar, medo de ficar sozinha, medo de matar o bebê, medo de não dar a ele a estrutura familiar que eu tive. Mas aos poucos esses medos foram passando e o Gabriel foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida e tudo que veio junto a ele também, a nossa família, nossa casa e nossa vida. A vida estava linda do jeito que estava e nós como uma família, gostaríamos de ser mais e então adotamos a Mia, nossa gatinha linda. E durante dois anos e três meses a vida se seguiu assim, nós quatro. Sempre foi um desejo muito grande em mim ter o segundinho, sei das dificuldades e dos gastos que mais um membro a família pode trazer, mas desejar não é tentar mas mesmo sem tentar, o Joaquim resolveu vir aumentar a nossa família e nós nos tornamos cinco. Quando a segunda gravidez foi descoberta, muitas coisas estavam prestes a mudar na nossa vida e nós passamos por coisas muito difíceis como mudanças e distância. A gravidez demorou um tanto para começar a ser percebida de fato e eu demorei um tempo para conseguir me visualizar gravida (mas hoje estou me sentindo mais gravida do que nunca, hahaha). 
Entrei em licença maternidade essa semana e agora consigo respirar, parar e refletir sobre tudo o que está prestes a acontecer e mudar na nossa vida. E hoje quando o Bruno foi levar o Gabriel na escola, a professora perguntou como estava o comportamento dele em casa, porque na escola ele estava mais introspectivo que o normal, extremamente tímido e muito quieto. Para nós ele ser tímido não é uma novidade, nós sempre soubemos que ele era uma criança tímida mas que depois que conhece as pessoas se solta. E que ele não gosta muito de muitas pessoas e ficar interagindo por pressão. Porém nós sabemos que com a chegada do bebê algumas coisas podem estar deixando ele mais quieto. O Gabriel esconde os sentimentos dele. Acredito que o fato de estar cada dia mais próxima a chegada do bebê e nós fizemos o chá de bebê, estamos arrumando a casa, lavando as roupinhas e tiramos algumas fotos esse final de semana, pode ser que ele esteja sentindo que perderá o espaço dele, apesar de nós fazermos de tudo para ele participar, falamos do irmão e ele mesmo diz que ama, que vai cuidar e faz o som do choro e diz que vai chorar mais alto. E eu estava achando que ele levaria tudo numa boa mas me parece que não. Essa situação acaba comigo, sinto vontade de chorar e me culpo por ter engravidado e não ter levado em consideração o Gabriel. Sobre não ter pensado em como ele se sentiria e como seria a chegada desse novo bebê. É obvio que não me arrependo de estar gravida, mas me sinto culpada pelos sentimentos que o Gabriel esta tendo que lidar, sei que essa situação é nova e logo ele vai se adaptando, mas me sinto péssima.
Jamais na vida quero que o Gabriel sofra, por achar que foi deixado de lado, por pensar que nós amamos ele menos, pensar que nós estamos substituindo ele. Sofro só de pensar em tudo isso. Hoje resolvi terminar de completar o álbum dele de bebê, estavam faltando algumas fotos e dizeres. Tem tantas fotos, momentos, coisas lindas que sentia e sinto por ele, ta aí um amor sem fim, um amor que não existem palavras para descrever, não existe nada maior do que ele. Como é lindo ver ele crescendo, falando, conversando e aprendendo. Cada dia que passa só consigo ter mais orgulho de nós dois, crescemos juntos e isso é maravilhoso.
O Gabriel pode não imaginar, nem mensurar mas o amor que sinto por ele de fato é imensurável, é intraduzível, é o maior de todos. Quantas vezes eu estava no trabalho e me dava uma saudade muito forte e tinha vontade de chorar e o melhor momento era quando chegava em casa e encontrava ele. Cada beijo, cada abraço, cada vez que ele me chama, cada vez que ele me elogia e tudo que ele faz. Quanto amor, que transborda!
Estou em um estagio da gestação de despedida, despedida de ter um filho único, de ter tranquilidade (um recém nascido demanda muita atenção), despedida da mãe que eu sou, despedida da minha pequena família, despedida da gravidez (sou loucamente apaixonada por mim quando estou gravida), despedida da barrigada, enfim... Não está sendo fácil lidar com todos esses sentimentos e ainda tendo que lidar com a realidade que por vezes tenho que ser racional demais e está tão difícil.
Espero conseguir lidar com todos os sentimentos e tudo que o Gabriel demandar. Também espero conseguir conciliar ser mãe de dois.

Nós já somos cinco (faltou a Mia na foto).

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Trinta e duas semanas e três dias, achei.

Pela primeira vez na vida ficamos duas horas em uma sala para consulta de pré natal e não foi na de espera. Eu ainda nem acredito como duas horas podem passar tão rápido e a gente nem perceber. Ontem nós fomos na nossa primeira consulta com a obstetriz Raquel, só posso dizer que, me senti acolhida e finalmente estou em paz. Coincidência ou não, essa noite após a consulta foi a minha melhor noite dormida dessa gravidez. Que sensação boa acordar descansada e tranquila. Nós marcamos a consulta a noite (mais uma coisa que eu adorei, porque não tenho que ficar correndo para conciliar horários), nós chegamos e ela estava lá nos esperando (sem sala de espera de duas horas para cinco minutos de consulta), o lugar é tão gostoso, parece quintal de casa de vó hahaha... É no mesmo espaço onde tem a roda de gestante que nós fomos. Ela viu todos meus exames, fez uma nova carteirinha de pré natal (dessa vez com tudo certo, porque a minha anterior estava com algumas informacões erradas ou incompletas). Fizemos uma ficha com nossos dados. Ela fez muitas perguntas sobre como estava me sentindo, como era minha alimentação (não é das melhores), minha rotina, exercícios físicos (sedentária sempre), sugeriu que eu fizesse yoga. Me pesou, mediu pressão e ouvimos o coração do bebê. E ele deu um chutão quando ela colocou a mão na barriga, acho que curtiu ela, já que não mexe e nem chuta para todo mundo, até agora só o papai, a titia, a vovó e a bisa sentiram ele. Agora tenho exames de sangue para repetir e tomar algumas vacinas. No mais esta tudo certinho e eu estou muito feliz e satisfeita. Agora acredito que tudo vai fluir muito bem. Já marcamos uma próxima consulta e já posso dizer que encontrei quem eu procurava.


domingo, 6 de setembro de 2015

Sobre a insônia que deu trégua...

Durante a gravidez do Joaquim, em suas 32 semanas, eu dormi muito pouco. Foram noites e mais noites pela metade, foram dias cansada. A maior parte dessas noites, eu acordava de um pesadelo onde caia em uma cesárea, onde eu morria, onde eu e o Joaquim éramos maltratados, o Joaquim ia pra UTI, enfim... Muitas coisas na minha cabeça. O fato de saber que meu parto estava jogado a sorte me deixava muito apavorada e eu sofri muito, chorei muito. Sem o Bruno no Brasil parecia que era pior ainda, porque ninguém que eu conheço conseguia entender a dor que eu sentia. Mas existem momentos que são decisivos na nossa vida e então eu resolvi encarar tudo isso e ir atrás desse sonho. O Joaquim vai ter um nascimento digno e respeitoso, eu e o Bruno enfim vamos viver essa experiência. Depois que bati o martelo e resolvi abraçar tudo isso e o Bruno super entrou nessa comigo, tudo ficou maravilhoso. O Bruno enfim chegou dos EUA e nós fomos em uma roda de gestante, que foi incrível, como é bom conversar com quem sabe do assunto. A minha insônia foi embora e deu lugar a noites mais tranquilas e a dias mais animados e esperançosos. Tenho ciência que nem todos tem a mesma sorte de poder encarar tudo isso mas estou fazendo todos os esforços possíveis para tudo ser como um dia sonhei. Aqui já deixo gratidão à todos que estão de alguma forma ajudando, mesmo que seja só torcendo para tudo dar certo. Hoje me sinto tranquila e a espera do meu amor, Joaquim. 
Nós enfim marcamos uma consulta com uma obstetriz e estou animada para chegar logo, tenho algumas dúvidas e quero logo saber como é uma consulta com quem acredita no meu corpo e em mim. É incrível como meu empoderamento estava enfraquecido, como a cada consulta com o GO fofinho do convênio conseguia me amedrontar, mesmo ele "sendo a favor"do parto normal. Tentei encontrar algum outro médico do convênio que fosse a favor de verdade do parto normal. Encontrei um louco que me disse coisas horríveis, uma delas seria que eu mataria meu bebê e que meu útero explodiria. Não discuti, só concordei e fugi. Fora as palpiteiras de plantão que enfraquecem tudo, conseguem te deixar com caraminholas na cabeça, é muito difícil se manter firme. Depois que o Bruno chegou, me sinto muito mais confiante, tenho alguém pra conversar e que me ouve e o melhor consegue compreender exatamente o que eu sinto, afinal ele também sente o mesmo. Todas as vezes que pensava no Joaquim nascendo, pensava só em coisas horríveis que nós passaríamos com um plantonista ou em um SUS. E hoje só consigo pensar que vai ser muito lindo e mal posso esperar para o nosso encontro enfim acontecer. Vem Joaquim <3

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O desfralde desencantou!

Quando o assunto é Gabriel, eu costumo ser muito flexível e tentar ao máximo respeitar o momento dele. É obvio que as vezes não consigo, sou humana e tenha falhas, porém sempre que consigo respeito muito ele e as vontades. O desfralde é um assunto que ronda a nossa vida desde o final do ano passado, o Gabriel completou dois anos e começou a rolar aquela cobrança da minha parte e de todos, e aí não vai desfraldar? E eu fiz até um post aqui sobre a preguiça que eu sentia para fazer o desfralde com um bebê de dois anos que não falava e não sabia expressar. O Gabriel já falava sim porém não o suficiente para entender e até demonstrava um certo interesse em tirar a fralda (muito por conta do calorzão). Comprei um redutor de assento e ele não curtiu. Fui com ele no mercado e ele escolheu um pinico da Peppa, achei que nesse momento tudo ia desenrolar. O desfralde na escola começou e ele fazia todos os xixis da vida na calça, não teve um dia que ele tenha feito no banheiro. E eu também não estava levando fé no desfralde e colocava fralda nele (ok, não ajudei muito).De qualquer forma eu sentia que não estava sendo um processo natural e sim algo totalmente forçado e que nós (nem ele e muito menos eu) não estávamos na 'vibe' do desfralde. Até que começou o frio e a tia da escola disse: Mãe, traz fralda que o desfralde não vai rolar. Pausa aqui.



~ Acho muito interessante que a maioria das pessoas que falavam comigo sobre desfralde, principalmente quando era para dar dicas, todos diziam que uma vez começado o desfralde, o mesmo não pode voltar atrás, para que eu não confundisse o Gabriel. E outro ponto é que todos estavam preocupados com o fato de eu estar gravida e o Gabriel usar fraldas, além do gasto, eu teria problemas com ele se eu demorasse para o desfralde acontecer e ele não sairia da fralda ou regrediria. A minha posição em relação a isso é uma só: Eu não posso culpabilizar o Gabriel com a chegada do bebê, então gastos com fraldas nunca foi meu foco ao tentar o desfralde dele, não ia desfraldar na pressa. A minha intenção era apenas livra-lo da fralda que ele já não estava curtindo e estava enxendo o bumbum de bolinha e deixando ele super incomodado. E sobre regredir no desfralde, também nunca foi meu foco, traumatizar ele e desfraldar a todo custo já que eu tinha começado, sempre que me perguntavam, dizia: Não conheço nenhum adulto que continue nas fraldas, uma hora o desfralde vai rolar! Eu comecei a perceber que ele tinha muito medo de ficar sentado na privada ou pinico. Mais um motivo para dar uma pausa no desfralde.~
Então parei total com tudo. Voltamos as fraldas e assim fomos até duas semanas atrás. Mesmo depois de ter parado o desfralde o pinico e o redutor estavam no banheiro o tempo todo, nós conversávamos sobre xixi e coco, ele me via indo no banheiro e assim foi indo. Ele começou a dizer que estava fazendo xixi, coco ou pum. Aos poucos ele começou a falar que tinha que fazer o xixi no pinico e tudo mais. Até que houve uma reunião na escola e a professora me disse que eles queriam começar o desfralde das crianças que haviam completado três anos. E então me pediu para tentar ver a reação dele no final de semana e se eu sentisse que estava pronto, mandaria ele de cueca na segunda feira.
Chegou o sábado de manhã e tirei a fralda dele e comuniquei que agora ele estava grande e que usaria uma cueca e quando ele quisesse ir ao banheiro me falasse. Eu parecia um papagaio em modo de repetição "quer ir no banheiro? tem certeza?" e ele dizia que não, até que rolou o primeiro escape do dia, reforcei que ele tinha que me pedir e mostrei a cueca suja de xixi e que era ruim ficar molhado e sujo. Rolou o segundo escape do dia, com direito a pisoteado no chão com bolo e suco, nesse momento rolou um descontrole e uma bronca mas não pelo xixi mas por ter jogado bolo no chão e pisoteado com xixi. No terceiro quase escape, ele começou a pular igual pipoca e dizia que estava doendo a barriga, começou a correr pelo quintal e eu chamava: "corre, vamos no pinico da Peppa", depois de certa resistência, ele foi comigo, rolou uma sujeirinha na cueca de xixi mas a maior parte foi no pinico. Que festa! Rimos e comemoramos, a minha irmã estava em casa e ele ficou orgulhoso dele mesmo. Comecei a dar uns vinte minutos pós xixi feito e perguntava de novo e de novo. A forma mais eficaz para mim perceber que ele queria ir ao banheiro foi: deixar de cueca e prestar atenção no escape. Ele sujava um pouquinho da cueca e ficava aflito, impaciente e logo eu já falava corre que é xixi e ele saia correndo e fazia. Rolou até coco no primeiro dia. E ele foi sozinho. Já no domingo não rolou um xixi no pinico, foram TODOS na cueca e na casa. Mas faz parte do processo e eu já estava preparada. Segunda feira mandei ele para a escola de cueca e fui conversando com ele no caminho e dizendo que na escola tinha que pedir para ir no banheiro. O primeiro dia não rolou um xixi no banheiro, todas as cuecas e roupas que eu mandei voltaram sujas. Mas nesse dia, rolou xixi em casa e fomos seguindo a semana, no terceiro dia ele já não voltou mais com roupas sujas da escola e voltava com a mesma cueca que eu havia colocado pela manhã. O desfralde noturno ainda não rolou, esses dias esta friozinho, preferi da uma esperada. De qualquer forma, se eu colocar a fralda nele para dormir e ele sentir vontade de fazer xixi, ele pede para ir no pinico. No final de semana, passamos o domingo na casa dos meus pais, levei o redutor se assento e rolou só um escape. E hoje estamos há três semanas no desfralde e o saldo é total positivo, sei que é um pouco cedo para contar vitória mas é muito bom acompanhar o amadurecimento dele e ver como ele se sente feliz por estar conseguindo.
Mais uma vez eu aprendi com a maternidade: as coisas vão acontecer na hora que tiver que ser e nós não podemos querer antecipar ou apressar. Respeitar o tempo deles é essencial para tudo dar certo e fluir como deve ser. Ainda não é um desfralde completo mas é o começo da independência do meu primeiro bebê e isso merece ser registrado!

 :)