sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Como ter um parto domiciliar? (parte II)

Eu acredito que o primeiro passo para quem não sabe o que fazer, é procurar algum lugar próximo onde existam essas rodas de gestante, é muito bom. Você consegue esclarecer duvidas, trocar experiencias e conhece as pessoas que estão envolvidas no meio da humanização do parto, que podem te ajudar a escolher o lugar ideal para ter o seu bebê. E nunca é tarde para ir, nós fomos com trinta e uma semanas e no lugar só fazem encontros de quinze em quinze dias e mesmo assim agregou muito os encontros que nós participamos. Saia de lá muito animada.
Já no primeiro encontro nós conhecemos a Raquel que é uma obstetriz e marcamos uma consulta com ela. No próprio espaço já é possível encontrar a equipe ou ter recomendação para encontrar a equipe.
A Raquel fez uma consulta de mais de duas horas, foi muito bom. Ainda bem que a gestação do Joaquim, assim como a do Gabriel, não houve intercorrência alguma, sem alterações de exames e engordei num total de seis quilos. Isso me enquadra em uma gestação de baixo risco e eu posso ter um parto domiciliar. A Raquel que é a obstetriz, tem a equipe dela que incluiu a Thaís que também é obstetriz. Elas que assistiram ao parto.
O segundo passo (ou talvez o primeiro passo),ao meu ver, é ir em busca de uma doula para chamar de sua. A doula tem um papel fundamental em todo o processo, gestação, parto e pós parto. E um ponto importante é rolar empatia entre você e ela. E obviamente vocês terem contato rápido e fácil acesso dela para sua casa.
E então comecei a buscar uma doula mais próxima a mim, afinal a Érica era muito legal mas morava bem distante de mim. Encontrei no mesmo espaço a Raquel (sim, o mesmo nome da obstetriz), ela é um amor e tivemos um primeiro encontro na minha casa e conversamos tanto e foi tão bom que não vimos a hora passar e ela ficou em casa das seis da tarde as dez da noite, me ouvindo e conversando. Foi muito bom! Já sabíamos que ali estava a nossa doula querida.
É imprescindível que se tenha um plano B, porque existe a possibilidade de ser feita uma transferência para o hospital. No plano de parto deixamos especifico o hospital que desejamos ir caso seja necessária a transferência e este deve estar a no máximo trinta minutos de distancia da residencia e um hospital para um plano C, para uma transferência imediata e que não possa demorar mais do que dez minutos.
Em relação a ter um neo pediatra na hora do parto ou imediatamente após o parto, nós cogitamos contratar um pediatra, chegamos a entrar em contato com um pediatra mas preferimos deixar para levar o Joaquim em um pediatra da nossa confiança, o mesmo que nós levamos o Gabriel. As obstetrizes tem formação para avaliar o bebê assim que ele nasce. Ficamos tranquilos assim. Mas é possível ter um presente no parto.
Por fim, nossa equipe está completa. É importante confiar na sua equipe e buscar ter uma certa intimidade com ela, afinal é um momento importante da sua vida e é bom ter pessoas com quem você se sinta confortável. Empatia é tudo nesses momentos.
É uma sensação maravilhosa saber que estou a espera da realização de um sonho, que terei meu bebê no conforto da minha casa. Hoje estamos na espera da vinda do Joaquim, é claro que teremos um plano B, para caso seja necessária alguma transferência para um hospital próximo. Mas estamos confiantes e convictos que tudo será como planejado.
O texto só foi divulgado após o parto afinal nós temos pessoas a nossa volta que vão reportar os seus medos e angustias e nós não estávamos dispostos a receber essa energia! De qualquer forma quando eu fiz este texto deixei uma mensagem para que pudesse ler depois:

"Desejo de que a nossa luta não tenha sido em vão e que você Joaquim tenha uma doce chegada a este mundo, nós como pais fizemos o possível e acredite, o impossível também, para que você tivesse o nascimento mais respeitoso e a melhor recepção que um dia pudemos imaginar. E tudo que eu desejo é que seja incrível e que tudo dará certo!"

Escrevi esse texto com o intuito de ajudar mulheres que estejam em busca de montar uma equipe para um parto domiciliar. Busquei muito informações na internet a respeito deste assunto e espero poder ajudar quem estiver na luta assim como um dia eu estive. Se alguém tiver alguma duvida, só comentar :)

Beijos

Como ter um parto domiciliar? (parte I)

A segunda gravidez foi uma loucura e uma delicia. Foram semanas de muita incerteza mas que enfim deram lugar a semanas de muita tranquilidade. Hoje estamos mais próximos do que nunca do parto e não é algo que me assusta. Isso é incrível! E gostaria de registrar algumas coisas. 
Quando descobri a segunda gravidez, nós estávamos planejando nos mudar para o EUA. O nosso dinheiro já havia sido investido nisso e o pré natal seguiria até certa data aqui no Brasil e logo em seguida nós continuaríamos o pré natal por lá e o parto também. O Bruno foi para lá no dia 26 de março de 2015 e nós quatro (Eu, Gabriel, Mia e a sementinha) ficamos no Brasil. O plano era o Bruno deixar as coisas por lá o mais organizado possível e nós iriamos em dois a quatro meses. Mas algumas coisas foram acontecendo e meus planos foram mudando. A vida não estava seguindo o plano que tracei que seria o melhor e comecei a rever a situação de sair do Brasil. Em maio foi as minhas férias e  passei oito dias na cidade de Boston, junto com o Bruno. Foi uma viajem muito boa, fiz o enxoval do bebê por lá, passeamos e por fim me decidi que lá não era o lugar que eu gostaria de ir com a minha família. Optei por ficar no Brasil e o Bruno voltaria após cinco meses por lá. O pré natal foi praticamente todo pelo convenio. Não foi fácil. Todas as vezes que eu precisei ir no médico era uma tortura, eu não conseguia sentir empatia por ele.
Quando estava no começo da gravidez, cheguei a entrar em contato com uma doula do espaço GAMA, marcamos duas vezes de nos encontrar e não deu certo. Tive aquilo como um sinal de que não era para ser com ela. Quando estava com dezenove semanas descobri uma médica humanizada Dra Betina Bittar e cheguei a ir em uma roda de gestantes na Caza da Vila, foi muito bom, me senti acolhida, que delicia estar no meio de pessoas que pensam como você. Cheguei a marcar uma consulta com a Dra mas o valor da consulta era totalmente fora da minha realidade e não tinha como pagar a consulta e provavelmente nem o parto. Voltei a estaca zero novamente. Foi então que me indicaram uma doula, a Érica. Ela foi um amor comigo, veio na minha casa e conversamos muito, ela acendeu novamente em mim a chama do parto domiciliar mas era algo muito distante para mim. Ela seria então a minha doula. Tentei ver o parto no SUS mas não me sentia segura. Optamos então por ir para o plantonista do hospital, o mais tarde que conseguisse. Mas mesmo assim a Érica buscou em grupos no facebook por uma Enfermeira Obstétrica que pudessem assistir meu parto.
Descobrimos também que havia rodas de gestantes aqui na minha cidade. Por fim entrei em contato com uma das enfermeiras obstétricas que ela encontrou no grupo do facebook, a Silvia, que foi super solicita comigo, me add no whats e aguentou um milhão de perguntas e duvidas. Após a conversa percebi que não teria condições de ter um parto domiciliar. Eram muitos os obstáculos e o dinheiro envolvido, sendo com aquela equipe que eu havia contatado. Mas por fim, desisti da ideia do parto humanizado domiciliar ou mesmo humanizado.
Quando eu e o Bruno conversávamos sobre isso, chorei muito, muito e muito. Sofri demais. Foram muitas noites péssimas, muito sofrimento mesmo. Aquilo me afetou muito e eu tinha muitos pesadelos com o parto, cogitei um parto domiciliar desassistido, um parto em que o bebê nascesse no carro, qualquer coisa que eu conseguisse fugir do hospital, tinha pavor de ter o bebê em qualquer lugar que não fosse a minha casa mas o hospital era o pior deles. A pior parte na busca do parto humanizado é a dificuldade de quem esta a sua volta de entender essa vontade. Eu sou aquela pessoa da família, da cidade, do estado e do planeta, que é do contra. Porque cargas d'água eu quero pagar uma equipe para um parto normal? domiciliar? o que eu tenho na cabeça? A realidade da mulher que busca esse tipo de parto, o humanizado, é a todo momento colocada em cheque, se eu fosse ganhar um centavo cada vez que tive que ME explicar pela MINHA busca. Como é difícil. O apoio foi uma das coisas que mais me fizeram recair diversas vezes. Ninguém quer te apoiar, começa a conversa com aquele jeitinho "conta pra mim, pode confiar" e acaba a conversa com "nossa você é louca, né?" Porque julgamento é o que eu mais precisava não é mesmo? Por fim, após muito sofrimento, decidi ir em busca de uma equipe que bancasse a minha escolha e bati o martelo e junto ao Bruno resolvi ir atrás do meu parto, afinal era meu sonho.
O ano de dois mil e quinze veio para me provar que eu sou capaz, mesmo que aos trancos e barrancos, sou capaz de me colocar em primeiro lugar, de ir atras dos meus sonhos e fazer com que eles se tornem reais.  Não sou ingrata, sei que algumas pessoas me apoiaram mas existem certas pessoas que eu gostaria tanto que tivessem me apoiado, seria fundamental para mim. Mas de qualquer forma... O Bruno e eu decidimos e fomos em busca. Mesmo tendo decido isso, precisava continuar a passar com o médico do convênio. A cada consulta era um estress mas eu ia levando.
O Bruno chegou quando estava completando 31 semanas de gestação. Chegou no dia que fomos fazer uma ultra, foi uma surpresa muito boa. Foi uma felicidade sem fim. Por dias eu achava que era sonho. E foi nesse exato momento que eu cai na real que estava muito mais próximo o parto e que nós ainda não sabíamos o que fazer. Eu entrei em contato com uma médica humanizada que foi indicada pela Silvia e a mesma já não tinha disponibilidade para este ano. Achei que era o fim. Mas decidimos ir na roda de gestantes, no Espaço Santosha e já que o Bruno havia chego, resolvi ir com ele. Foi muito bom, fomos ao encontro, com uma obstetriz, a Raquel, ela conduziu a conversa ao lado de duas doulas da casa, a Raquel e a Nanda. Nós conhecemos alguns casais, todos nós estávamos ali para ouvir sobre os locais ideais para o parto: hospital, casa de parto e domiciliar. Já havia comentado que o fato de eu ter uma cesárea anterior, não sou aceita em casas de parto.
O que é muito ruim, já que não tinha uma equipe particular para seguir a um hospital e ter um parto respeitoso. Sei que é muito difícil para algumas pessoas acreditarem nisso mas o parto normal é praticamente impossível principalmente um parto onde nós tenhamos nossas vontades respeitadas. A cesárea anterior me torna alvo fácil num plantão de hospital para uma nova cesárea. A hipótese de passar por uma cesárea hoje é: apenas se estivermos correndo algum risco de vida, afinal a cesárea serve para isso. Vejo algumas pessoas batendo o pé e dizendo que vivemos uma ditadura do parto normal e eu só queria entender: aonde? Me diga, quantas mulheres você conhece que no ultimo ano tiveram um parto normal? Mesmo pelo SUS... Eu não conheço nenhuma! De qualquer forma, eu sempre soube o que eu queria, desde quando eu assisti o documentário "O renascimento do parto", já havia batido o pé e dito que o próximo bebê nasceria na nossa casa. Lembrando que para cogitar um parto domiciliar, a gestante precisa ter uma gestação saudável e de baixo risco. Era o meu caso mas durante o pré natal qualquer alteração que surgisse o parto domiciliar seria automaticamente descartado. Não estava colocando a minha vida e muito menos a vida do bebê em risco.

*Dividi esse texto em duas partes porque ficou muito longo.



domingo, 15 de novembro de 2015

Relato de parto domiciliar - Joaquim!

Terça feira completamos 41 semanas de gestação. Se na semana anterior eu tava ansiosa, afinal 40 semanas tem seu peso né?! Rola uma mega pressão das pessoas a volta e nossa também. Eu já estava impaciente e já estava achando que chegariamos as 42 semanas. Na terça-feira as meninas vieram aqui em casa para mais uma consulta de pré natal e nessa mesma consulta combinaram da gente fazer uma despedida da barriga. Elas vieram e estava tudo bem tanto comigo como com o Joaquim. Nós conversamos sobre o que fariamos caso chegassemos nas 42 semanas, eu não estava disposta a esperar mais do que isso, pois já não tinha tanta segurança assim. Então ficou combinado que chegando a terça-feira e as 42 semanas, iriamos para o hospital. Porém antes de chegar a esse ponto nós combinamos de na sexta feira fazer o descolamento de membrana (uma forma de indução do parto). Algumas cólicas de vez em quando apareciam e depois iam embora. Não estava levando fé que entraria em trabalho de parto mas eu li em algum lugar que dizia que o trabalho de parto começa na cabeça e comecei a tentar trabalhar isso, tirar da mente tudo que pudesse estar atrapalhando. Na mesma noite da consulta de pré natal as meninas fizeram uma despedida da barriga. Fizeram um escalda pé,o Bruno e a Raquel (minha doula) fizeram massagem em mim e o Gabriel ajudou, a Raquel (obstetriz) leu um texto e foi bem emocionante, uma forma de me concectar com o meu corpo e o Joaquim para o processo começar a fluir. Na quarta feira as coisas continuaram calmas e não sentia nada. Na quinta feira a noite saiu um pouco de tampão, não foi nada enorme mas saiu e deu uma esperança. Comecei a refletir sobre o descolamento e o quanto invasivo e dolorido ele era. Sem contar que ele poderia induzir a bolsa a romper e isso poderia atrapalhar a realização do parto dolicliar, já que existe um tempo que podemos ficar com a bolsa rota. A Raquel sugeriu fazer acupuntura que era algo que era natural e não invasivo. Conversei com o Bruno sobre os prós e contras e então optamos por fazer a acupuntura e ver no que daria. Na sexta feira as onze da manhã, a Gabriela veio aqui em casa e ao meio dia e pouco quando ela saiu já sentia contrações, irregulares e espaçadas, mas sentia. Tentei manter o ambiente do quarto o mais tranquilo possível e escuro para nao atrapalhar a evolução. Durante a tarde continuei com contrações irregulares. Foi chegando a noite e foi ficando bem longe uma da outra. As meninas sugeriram fazer um shake que também dizem induzir o parto. Eu fiz um copo de agua fria de côco, melão, leite condensado e uma colher de óleo de ricino. Tomei um banho e tomei o shake. Uma hora depois  comecei a senrir umas contrações. Fomos deitar e começaram a rolar contrações chatas, no intervalo entre elas conseguia dormir e quando vinha uma contração acordava, respirava fundo e tentava me manter tranquila. Quando acordei de manhã, fui tomar um banho para da uma relaxada mas ainda assim vinham contrações e cólica no pé da barriga. Não era intenso mas existia uma dorzinha. Mandei uma mensagem para a equipe e elas pediram para que eu marcasse o tempo entre uma contração e outra. Durante quarenta minutos eu marquei e estava tendo contrações a cada seis minutos, duravam em torno de um minuto. Não estava levando fé e quando a Raquel (doula) disse que estava vindo para minha casa, fiquei receosa de ser apenas um alarme falso, afinal eu ja tinha tido cólicas e contrações, claro que nada do tipo tão intenso mas já não sabia exatamente o que esperar de um trabalho de parto, seja a fase latente ou ativa. Quando a Raquel chegou, minha mãe tinha acabado de levar o Gabriel embora e comprou almoço para nós. Ai a Raquel começou a marcar as contrações. Eu conseguia conversar e rir. Passado uma hora mais o menos, as contrações vinham e eu já precisava ficar quieta ou falar um palavrão, não fui muito fofa no trabalho de parto. Em seguida chegou a Raquel (obstetriz) e Laine (fotógrafa), com muitas e muitas coisas. Arrumaram o espaço para montar a banheira. Minha casa ficou totalmente diferente. Enquanto isso as contrações estavam lá, quando vinham todos ficavam em silêncio, eu estava começando a ficar cansada e com sono, as menina sugeriram que eu fosse deitar com o Bruno. Elas desligaram as luzes e ficamos a luz de velas no quarto. Tive três ou quatro contrações deitada e foi bem difícil lidar com elas nessa posição e então resolvi levantar da cama. Já estava escurecendo la fora e ai percebi que a Thais (obstetriz) também havia chego. Elas começavam a encher a piscina e o Bruno o tempo todo por perto. Não queria que ele saisse de perto de mim. Eu lembro que ainda assim duvidava que estava de fato em trabalho de parto. Eu tinha uma ideia totalmente diferente da dor e mesmo sabendo que ela se intensificaria, era uma dor muito doida, ela vinha, ela era intensa e vinha lá no fundo do ventre e depois ela ia embora, não estava sofrendo de dor, sentia ela, que vinha e depois ia, quando ia embora tudo voltava ao normal. Então as meninas sugeriram que a gente pedisse uma pizza, afinal desde a uma da tarde não havia comido nada. O Bruno foi comprar refrigerante e eu pedi a pizza e quase tive uma contração no meio do pedido hahahah 
As contrações estavam doloridas, ficava quieta e respirava fundo. A banheira encheu e então eu decidi entrar nela. Nossa muito bom. Tava uma delícia mas não conseguia achar uma boa posição para lidar com a dor. O Bruno deu um pouco de pizza pra mim na boca enquanto eu estava na banheira. Até esse momento estava fácil de lidar com as contrações, eram doloridas, eu fazia barulho, tipo gritava mas não muito alto ainda. Depois da comida, me lembro do Bruno ir colocar uma bermuda e também fazer café, desse momento em diante começou a ficar mais dificil. Eu fiquei na banheira mas foi ficando mais difícil de lidar com a dor e única posição que eu conseguia ficar era de joelho e apoiada em alguma coisa, minha perna tremia de dor por ficar tanto na mesma posição. A partir da meia noite em diante tudo ficou um tanto quanto turvo. O tempo pra mim passou rápido até aqui...
As dores estavam bem intensas e ela iam  e vinham cada vez mais próximas uma das outras, achava que estava acabando. As três da manhã as dores estavam muito fortes e eu gritava muito a cada contração que chegava. Não é um grito de sofrimento mas era um grito vocalizando, era automático sair o grito. Pensava nos vizinhos lá fora. Chegou um momento que a Raquel pediu para fazer um toque, o primeiro e único do trabalho de parto, ela verificou que estava com 8cm de dilatação, quase 9cm. Acabou comigo que achei que estava tão próximo. Achei que tava totamente dilatada. Tive que deitar na cama para o exame ser feito e foi horrível, não o toque mas as três contrações na cama e eu achei que ia morrer. É uma dor que parece que vai te quebrar ao meio e ainda bem que depois vai embora. Quando a Raquel e o Bruno conseguiram me tirar da cama, fomos ao banheiro, entrar no chuveiro. Era muito difícil mudar de posição, estar sentada e levantar por exemplo, cada vez que eu mudava a posição vinha uma contração mais forte que a anterior. Entrei no chuveiro e fiquei sentada em um banco e deixei a agua quente cair na barriga e também nas costas. Não sei por quanto tempo fiquei no chuveiro. A Raquel (doula) foi essencial nesse momento, ela basicamente entrou no chuveiro comigo e quando eu vinha a contração, eu chamava por ela, apertava a mão dela e o olhar dela como se me incentivassem a seguir e que eu estava indo bem. Mas as dores estavam tão dificeis e eu cheguei no momento de covardia, pedi para ir para o hospital. Eu gritava, chorava e pedia para ir para o hospital. A Raquel (obstetriz) quis saber porque eu queria ir pro hospital e eu dizia que não tava mais aguentando a dor e eu só queria dormir, descansar, tava muito difícil. Eu também estava com medo da hora que a cabeça do bebê saisse, tinha medo da dor que seria. A Raquel (obstetriz) veio e disse que ia demorar um pouquinho mais e que a dor já era a maior que eu poderia sentir e que eu estava aguentando. Derepente surgiu a minha mãe na porta do banheiro, ela e a minha avó ficaram a noite inteira esperando acabar o parto. Ela veio e disse que eu iria conseguir. E eu repetia que queria ir pro hospital, porque doia tanto, porque estava com sono, porque o bebê não queria nascer. Chinguei muito, falei muitos palavrões e gritei demais. Eu não estava conseguindo deixar a dor vir, estava brigando contra ela. Eu repetia para mim mesma para de brigar com a dor mas a dor é muito forte. Chamava o Joaquim, gritava, pedia ajuda dele. Falava que eu estava pronta e que ele poderia vir. Até que minha bolsa estorou, fez um ploc e então eu gritei a bolsa estorou e veio uma contração muito forte. E a partir dai mesmo tendo dado um ânimo, ficou mais intenso. Sentei no sofá e quando a contração vinha, eu ficava de cócoras e puxava o rebozo que estava na Raquel (doula). O dia já estava clareando e eu já não aguentava mais. Não parava de repetir que estava cansada e que não queria mais. O Bruno ficou ao meu lado o tempo inteiro, a todo momento, eu precisava dele ali presente, me dando a mão ou mesmo só me olhando, ele ficava próximo e quando a contração chegava, ele respirava e falava respira. Foi um companheiro maravilhoso. Minha mãe então entrou novamente e veio falar comigo, disse que o carro tava la fora e que se eu quisesse ela me levaria para o hospital mas que ela e meu pai acreditavam e confiaram em mim. E que eu não poderia desistir agora. Eu acredito que esse foi o que eu precisava para tirar forças la do fundo da alma para poder parir. A partir desse momento as contrações foram muito muito fortes e estávamos mais próximos do nascimento do Joaquim. As últimas contrações vieram, mais fortes e mais demoradas porém mais espaçadas uma da outra. Consegui sentir a cabeça do bebê vindo mas ela voltou. Fiquei desesperada, porque ele estava voltando?! Me disseram que era aos poucos e que ele estava vindo. Mais uma.E de repente não conseguia mais segurar a vontade de fazer força, força de côco. E então eu senti o circulo de fogo que ta mais pra um vulcão, queima mesmo. Senti a cabeça sair e gritava para alguém segurar o bebê. Eu estava num cantinho da sala, próximo ao sofa e foi ali que o Joaquim veio ao mundo, era um espaço estreito e tinha a impressão que ninguém conseguiria pegar o bebê. Mas obviamente elas conseguiram pegar ele. Quando ele saiu, saiu tudo junto e um berro muito forte. E então ele veio pro meu colo e eu não podia acreditar que aquilo tinha acontecido. Era surreal. Ocitocina pura, felicidade, amor, sensação de ser foda, de ser mamífera, eu consegui, nós conseguimos, eu pari, ele nasceu, quando quis. Ele é perfeito. A cara do irmão. Que saudades do Gabriel. Que realização. 
Depois de todo esse momento mágico que vivemos, era preciso levantar e não foi fácil, minhas pernas tremiam e eu não tinha muitas forças, foi um esforço físico muito grande e como a única posição que eu conseguia ficar era cócoras, foi esforço demais. Consegui levantar com a ajuda da Raquel, Thais e do Bruno. Fomos para a cama e fui examinada pela Raquel, tive uma laceração e tomei quatro pontos, mas foi tranquilo, foi mais difícil manter as pernas flexionadas e abertas do que os pontos. Enquanto isso o Bruno ficou com o Joaquim no colo, eles ficaram namorando. E enfim o Joaquim voltou para o meu colo. Amamentei ele e enquanto isso a Thais deu a vitamina k, ele nem demonstrou sentir dor, continuou mamando feliz da vida, mediram, pesaram e avaliaram, estava perfeitinho. Que delícia ter meu bebê ali, na minha cama, namoramos ele, babamos muito. Me deixaram no quarto e começaram a arrumar a casa que estava com banheira cheia de agua, banheiro molhado, chão com sangue. As meninas e o Bruno deram uma geral. Todas exaustas e o Bruno nem sei como aguentou também. Depois que todo mundo foi embora, ele deu uma boa geral na casa e só foi dormir depois que eu tomei banho e almocei. Ele foi fantástico, um super companheiro, sem ele seria impossível. Não consigo pensar nas palavras que possam descrever tudo que eu sinto por ele e ainda mais depois dessa experiência. Um amor que só cresce mais e mais. A equipe eu não tenho palavras para agradecer a mega assistência, disponibilidade, o carinho comigo e com a minha família. A nossa doula Raquel, que mulher incrível, obrigada por tudo. Às obstetrizes Raquel e Thais, sem palavras por toda a assistencia, delicadeza e o amor de vocês pelo que fazem. Foi muita sorte a minha ter vocês em um momento tão importante da minha vida,obrigada. A Laine, fotógrafa, você foi demais, soube ser presente mas sem ficar em cima da gente, me ajudou no parto com palavras de incentivo, me deu a mão em um momento que busquei por alguém. Agradeço a minha mãe que mesmo não concordando me apoiou, deu um suporte incrível no dia do parto e também pós parto. Obrigada Mãe, sei que não foi nenhum pouco fácil para você, te amo muito. É só tenho um sentimento depois de toda essa experiência, gratidão. Gratidão por todas as vibrações positivas e por todos que torceram pelo parto. Gratidão a Deus. Foi incrível.