quinta-feira, 10 de março de 2016

Desafiando a maternidade!

O meu maior desafio na vida, supero todos os dias, lutar e persistir para ser uma boa mãe. Houve um tempo em que me sentia uma mãe melhor, hoje sinto como uma mãe possível e muitas milhares de vezes me culpo. Faz umas semanas rolaram uns desafios de maternidade pelas redes sociais, algumas mães me marcaram. De inicio fiquei feliz de terem se lembrado de mim. O desafio seria para as mães postarem fotos que mostrassem o quão felizes elas são por serem mães, obviamente todas as mulheres amam os seus filhos, a sua maneira e isso não deveria ser questionável. Eu não me senti na vontade de postar e não postei. Eu sou muito feliz por ser mãe mas não precisava provar nada para ninguém. Mas ainda assim alguma coisa me incomodava com esse desafio, até que começaram a surgir na timeline mães postando a realidade de ser mãe. O amor é uma realidade constante mas não quer dizer que a pessoa responsável pelo cuidado com a criança, na maioria a mulher, deve sempre adorar tudo que engloba os cuidados e responsabilidades de ser mãe.
Tenho o grande privilégio de dividir os cuidados dos filhos com o meu marido e ainda assim me sinto cansada. A realidade da maternidade não é aquela foto lindinha do bebê no instagram ou aquele video fofo no snap mas também não é um monstro horrível. Mas ainda assim continuo reconhecendo meus privilégios, por exemplo, saber que enquanto eu posso me dedicar à amamentar o bebê, meu marido já deu banho no mais velho e está fazendo o jantar. Posso trabalhar e ser uma pessoa independente, enquanto o meu filho esta na creche. Sei que se meus filhos acordarem de madrugada, meu marido levanta e fica com eles para que eu durma ou enquanto eu amamento ele fica acordado comigo, para me fazer companhia.
As tarefas do dia a dia são bem cansativas e elas estão num looping eterno, sempre tem mais e nunca acaba.  E eu nem imagino como seria ter que dar conta de fazer tudo isso sozinha. Na minha casa não existe o termo ajudar porque eu tenho pavor dessa palavra no que diz respeito aos cuidados da nossa vida de casados e com filhos. 
A mulheres que se sentem sobrecarregadas e não tem para onde correr, mulheres que são mães solteiras que além de ter que se virar com tudo no dia a dia, sofrem um preconceito esmagador, mulheres que tiveram filhos com homens machistas e que não conseguem enxergar além e se reformular, consigo compreender como ser mãe se torna um fardo. 
Amar os meus filhos sempre mas amar me anular e me sentir exausta e desgastada, jamais.
Não pensem que na minha casa as coisas sempre foram boas como é hoje, muitas coisas rolaram e por sorte tenho um marido que esta sempre disposto a melhorar e aprender. 
Então tudo começa do princípio de quem é esse companheiro que você pretende ter um filho? Essa pessoa além de desejar um filho e dizer que vai ser responsável tanto quanto você no dia a dia, faz as coisas sem ter um bebê em casa ou tudo fica sob a sua responsabilidade? Ou mesmo enquanto namorados, la na casa dele, o que ele faz de fato ou fica tudo sob a responsabilidade da mãe dele? 
Algumas mulheres acreditam que após o casamento ou após a chegada de um filho, o homem vai mudar ou que ela mesma vai mudar o homem e veja bem, ninguém muda ninguém, a pessoa só vai mudar se ela estiver disposta. 
Na minha visão a maternidade se torna um fardo a partir desse momento, essas perspectivas e ângulos devem ser avaliados antes de entrarem nessa de ter filhos. É muito desgastante e exige muito de nós. Ser responsável por um ser totalmente dependente, ensinar o certo e errado, ajudar a formar caráter, cuidar, alimentar, zelar e ter estrutura física e emocional. Não basta só ter grana, fazer tudo isso sozinho é muito difícil.
Sempre foi um sonho ser mãe, para mim. Mas isso não quer dizer que devo silenciar meu cansaço, minhas frustrações e mostrar ao mundo uma maternidade romantizada.
Eu me cobro muito, quando atraso em horários da nossa rotina, deixo assistir tv o dia todo, quando come muito doce, quando fica doente, quando faz birra, quando acaba a roupa da gaveta porque eu esqueci de lavar e não vi que tava acabando, quando esqueço de comprar algo que precisava, quando não tem o tomate que o Gabriel tanto ama, quando eu quero dormir mais e fico enrolando o Gabriel na cama dele, quando penso na volta da licença e ainda amamentando o Joaquim e queria ficar mais com ele, quando me sinto exausta e as vezes acabo sendo mal humorada, quando quero silêncio e brinco de vaca amarela, quando vejo a casa uma bagunça e só quero ficar sem fazer nada, quando ele ta cansado e dorme sujo e sem comer, quando dou comida não saudável, quando deixo comer batata do mcdonalds com ketchup, quando esqueço de trocar a fralda do Joaquim, quando ele chora e eu tenho preguiça de ficar de pé com ele no colo... São tantas as coisas que me fazem sentir culpada mas tudo isso por ser humana, mãe é gente, mãe sente cansaço, preguiça e tantas outras coisas. Ser mãe é uma experiência única. Mas ser mãe não é um mundo colorido e mágico sempre. Então vamos começar a entender que as mães só querem ser vistas como alguém real, de carne e osso. 



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