terça-feira, 5 de julho de 2016

Meu marido não me ajuda

Existem alguns temas recorrentes na minha vida, um exemplo é parto, amamentação, criação de filhos e o famoso pai que ajuda. 
Eu poderia listar o nome ou a quantidade de mulheres mães e não mães que me dizem a seguinte frase: "ah mas o seu marido te ajuda né?" A ultima que eu ouvi antes desse post foi: "Nossa como você da conta de dois filhos e ainda trabalha fora? Ser mãe acaba com a gente, nossa ainda bem que ele (pai) te ajuda! Mas sempre sobra mais pra mulher. O homem não sabe fazer as coisas" 
O que eu posso começar a relatar nesse post é o seguinte: não, ele não me ajuda. Não consigo conceber a ideia de ter o pai dos meus filhos me ajudando a cuidar deles. Quem ajuda tá fazendo um favor e os pais tem a mesma responsabilidade que a mãe e é tão capaz. A unica coisa que meu marido não pode fazer foi gestar, parir e amamentar. Mas ainda assim participou de todos os processos e foi essencial para o sucesso de ambos. 
Todas as vezes que nós tocamos no assunto marido que ajuda, sempre vejo mulheres sobrecarregadas e maridos ganhando troféu por trocar fralda e vez e outra colocando os filhos para dormir, isso é ajuda mesmo, afinal a pessoa encara a situação como algo esporádico. 
Quando engravidei do Gabriel, eu e meu marido estávamos namorando e cada um morando em sua respectiva casa. Lá na minha casa eu fazia tudo, limpava, faxina pesada toda semana, cozinhava, passava roupa, fazia tudo na casa da minha mãe, então era a famosa moça prendada. Já marido morava com a mãe e o irmão, lá ele não lavava nem a própria louça, minha sogra era quem fazia tudo por lá, ela não achava ruim e assim as coisas seguiam. Eu sempre deixei muito claro para meu namorado que ao me casar com ele, dentro da nossa casa tudo seria dividido e que não era justo que eu fizesse tudo. Ele sempre concordou com isso e assim nos casamos felizes e saltitantes.
O Bruno sempre foi um excelente pai, sempre fez absolutamente tudo, banho, troca de fralda, colocar para dormir, brincar, dar comida, mamadeira, acordar de madrugada, enfim, nesse sentido eu não poderia jamais abrir a boca para reclamar mas ainda assim, sendo um pai presente e participativo ele era um marido que deixava muito a desejar no quesito, nossa casa, nossa comida, nossa vida e sim eu vivia sobrecarregada. Não era algo proposital mas ainda assim me incomodava demais a falta de interesse dele em tomar a iniciativa e fazer as coisas. Quando o Bruno voltou dos EUA, já quase no final da gestação do Joaquim, ele era um marido bem diferente do que ele foi. Nós conversamos muito sobre como a nossa vida seguiria já que com mais um filho na bagagem tudo ficaria mais cansativo e demandaria muito de nós dois.
O Bruno sempre foi um homem muito fácil de conversar e expor o que me incomodava e o que gostaria que ele mudasse, ele sempre foi aberto a novos aprendizados e isso conta bastante para a dinâmica que nós temos dentro da nossa casa. Meu marido não foi ensinado dentro da casa dele como deveria limpar, cozinhar, lavar as roupas e muito menos a cuidar de bebês ou crianças pequenas mas ele sempre foi alguém que fez questão de aprender e crescer. Na gravidez do Gabriel, sempre que alguém falava sobre o parto, ele falava da dor e que não gostaria de me ver sofrer, a cesárea era muito melhor. Quando eu comecei a aprender sobre parto humanizado, levei ele comigo para assistir o documentário "O Renascimento do Parto" e ele saiu da sala de cinema já concordando comigo que o próximo filho nasceria em casa. No parto do Joaquim nós dois eramos quase um só e foi ele que me manteve calma na maior parte do tempo. Quando estava no pós parto do Joaquim, chorando, sofria, querendo desistir e me entregar as loucuras do puerpério, foi ele que ficou ao meu lado dando todo o suporte necessário. Lembro de uma situação, quando o Joaquim nasceu, sentia muitas dores musculares por conta do parto ativo demais, só conseguia dormir direito no sofá, então ele ficou com o Gabriel e o Joaquim no quarto e durante a madrugada todas as vezes que eu precisava amamentar ele trazia o Joaquim, me ajudava a me ajeitar e ficava ao meu lado até ele terminar. Com os dois filhos, ele que sempre levantou da cama e foi acudir, ninar, acalmar, sempre é ele. Na criação do Gabriel, bater de frente com o mundo, principalmente com a educação não sexista, ensinando aos nossos filhos que o mundo não é dividido por gêneros, não existe coisas de meninas e meninos. Quando ele entrou numa crise de que não era útil ficando em casa com o Joaquim (rolou uma crise), busquei mais um documentário que demonstrasse a importância do vinculo entre eles, assistimos o filme " O Começo da Vida" e tantas outras coisas que ele aprendeu ao longo desses quase quatros anos sendo pai e meu marido.
Hoje dentro da nossa casa a vida funciona da seguinte maneira: meu marido fica em casa com o nosso filho mais novo, leva e busca o filho mais velho na escola, faz a maioria das coisas domésticas (lavar louça, preparar o jantar, varrer a casa, lavar a roupa e etc) e quem trabalha fora sou eu e sim continuo fazendo afazeres domésticos, afinal, não seria nenhum pouco justo largar tudo para ele fazer só porque eu trabalho fora. Não somos uma família convencional mas na nossa vida essa situação cabe perfeitamente e sabemos que somos muito julgados por essa escolha. A reação da maioria das pessoas quando contamos sobre isso é sempre de espanto, curiosidade e obviamente aquele olhar de julgamento, chocado e tendo certeza que os papeis foram trocados. Sim, nós percebemos. Mas isso não nos afeta, afinal é uma escolha muito consciente. 
O que eu quero dizer com toda essa história é que o nosso companheiro tem total capacidade de cuidar dos filhos, da casa, da vida, de tudo, igualzinho a nós e as únicas coisas impossíveis de serem feitas já mencionei no começo do post. Pai sabe fazer tudo sim, basta você permitir e se for necessário ensinar, afinal, ninguém nasce sabendo. Obvio que em sua maioria, o marido, namorado, amigado, pai do seu filho, não vai fazer nada igual a você e cabe a nós respeitar e permitir que ele faça a parte dele, da maneira dele. Você curte ser julgada? Então permita que ele aprenda e não julgue, por mais que dê muita vontade de mostrar "como se faz".
Então, não, meu marido não me ajuda. Nós aprendemos a dividir tudo, vamos compensando um o outro e fazendo o que é possível. Se eu tivesse que fazer tudo sozinha e com duas crianças pequenas, acho que enlouqueceria. Não é nada fácil, são muitas coisas a serem feitas e ter uma pessoa para dividir fica muito mais simples. 
Mas e por aí, como funciona a dinâmica da sua vida?



Beijos 



Um comentário:

Obrigado pelo comentário!