terça-feira, 16 de junho de 2015

Contextualizando o parto e aonde vamos chegar... (part I)

Atenção: Se você não está afim de ler como cheguei até o parto humanizado e porque estou em busca do mesmo, não comece a leitura.
Esse post vai ser dividido em três partes...


Quando engravidei do Gabriel, eu tinha dezenove anos e nenhuma experiencia em relação a nada que envolvesse filhos. Quando eu pensava em parto, minhas referencias eram as mesma que a de todas as brasileiras que eu conheço, parto é sinônimo de sofrer, de dor, de quase morrer, pior dor da sua vida. E eu não queria isso para mim, jamais. As pouquíssimas historias de parto que eu conhecia, eram das mulheres da minha família, todas cesareadas. Todas. 
Para mim, naquela época, era muito bom ter um plano de saúde que me permitisse ter meu bebê em qualquer uma das melhores e maiores maternidades de São Paulo, afinal, quer coisa mais chic? Pois é... era esse mesmo o pensamento. E eu obviamente queria muito a cesárea. Não procurei nada sobre parto, eu queria mesmo a cesárea e ai de quem viesse dizer alguma coisa sobre o parto normal, me sentia ofendida. Me lembro de uma vez chegar na consulta de pré natal e perguntar a respeito do parto normal para o médico, um parto normal onde eu pudesse não sentir tanta dor, onde essa dor pudesse ser aliviada e ele foi muito claro: "ah para que passar por isso? faz logo a cesárea, você não vai precisar sofrer!" Gente, quem vai contrariar o cara que faz isso a tanto tempo??? difícil!
A minha cesárea foi agenda para dia três de agosto de dois mil e doze e minha data provável de parto era dia doze de agosto de dois mil e doze. Quando eu dei entrada no hospital, linda, de unha feita, cabelo arrumado, depilada, com todas as coisas do bebê, esperando ansiosamente a sua chegada, estava super feliz. O médico marcou a minha cesárea para uma e meia da tarde, mas esse foi o horário que me levaram para o centro cirúrgico. No caminho o Bruno teve que ir para outro ambiente do hospital colocar uma roupa especial para poder participar e eu fui levada de cadeira de rodas. No meio do caminho a enfermeira falou:"é seu primeiro bebê? que legal. Você esta nervosa?não fique, a anestesia da medo mas da tudo certo no final" e eu falei:"anestesia? tem que ter medo dela? o que acontece?" e ela sem graça, disse: "nada não mãezinha, não se preocupe!". Me deixaram durante quase duas horas sentada na cadeira de rodas esperando a minha sala de cirurgia ser liberada, eu fiquei em uma sala de recuperação, onde varias mulheres ficam após as cesáreas, parecia um monte de morto! Ali naquela sala comecei a pensar que era pra lá que eu ia ser levada depois de tirarem o Gabriel da barriga e ai pensei: "mas para onde vão levar o bebê? quanto tempo vou ficar aqui? acho que vou fugir e esperar o parto normal!". Aí a enfermeira chegou e me levou para o centro cirúrgico, não dava mais pra fugir. O primeiro impacto que tive ao entrar lá foi o frio e a luz. Era bem gelada a sala e eu estava nua, só com aquela roupinha de hospital. E a luz que era forte. A enfermeira me pediu pra subir na maca e ela era bem chatinha, bem fria, bem na má vontade de meu deus. Ligou o radio, era a radio Disney. E ai chegou o anestesista, brincou comigo e disse que ia aplicar a anestesia, e assim foi. Quando todo mundo tava lá e eu só queria saber do Bruno, eu tremia mais que tudo: "reação da anestesia, mãe" disse o anestesista. Mas era uma tremedeira sem igual. O Bruno entrou na sala e eu olhava desesperada para ele e apertava a mão dele, muito, muito e muito. Eu tava apavorada. Me pediam para me acalmar, relaxar, eu já ia ver meu bebê. Durante a cirurgia, os médicos conversaram sobre TUDO o que você pode imaginar. Mas enfim, nasceu o bebê. O bebê veio pra mim e eu olhei aquele meleque todo (o vernix) e tive que dar um beijo. E não sentia aquele amor profundo e louco. Continuava tremendo e sentindo medo (mas tiramos uma fotinho juntos e ela é linda). Eu fiquei com o Gabriel dois segundo no colo. E então levaram ele embora, pesaram, mediram, pediram pro pai tira foto e tchau. O Bruno continuou comigo e terminaram a cirurgia. O Bruno teve que ir embora. Anestesiada tive que passar de uma cama pra outra, as enfermeiras vieram e me rolaram de uma maca para outra no lençol, essa foi uma das piores sensações que eu já tive nessa vida. Fiquei naquela maldita sala de recuperação por duas horas e meia, estava desesperada para ver o Gabriel, não aguentava mais. Mas a maternidade estava lotada e antes do Gabriel mais quarenta bebês haviam nascido naquela manhã/tarde. Quando enfim fui levada ao quarto. O bebê não vinha e então o Bruno foi ver o que estava acontecendo. E então veio a pior noticia de todas: "O Gabriel vai para a UTI. Ele não ta respirando bem!" e sabe quem foi avisar sobre o que estava acontecendo com o meu bebê que estava longe de mim desde as três da tarde? ninguém veio avisar. Nós é que ficamos irritados e preocupados com a demora. Entregaram na mão do meu marido um papel dizendo que meu bebê estava com um desconforto respiratório e então deveria ficar no oxigênio por um tempo. Uma coisa que me deixa intrigada é que eles já tinham um papel pronto, todo informativo com desenhos de bebês em forma de anjinhos, todo explicativo, ou seja, era algo super recorrente. O Gabriel ficou na UTI por quinze dias, ele foi diagnosticado com hipertensão pulmonar, ele foi entubado por oito dias, durante esse tempo nós ficamos indo para o hospital as oito da manhã e chegávamos lá duas horas depois e as quatro da tarde tínhamos que vir embora, afinal nós não tínhamos um carro e dependíamos de outras pessoas para levar e buscar. Ainda bem que essas pessoas maravilhosas existem e nos ajudaram demais. A amamentação só foi liberada depois de nove dias e foi maravilhosa a sensação de ter meu pequeno nos braços e poder amamenta lo mas tudo isso acabou quando ele teve alta e fomos para casa. A amamentação foi um fracasso, afinal, eu estava competindo com o leite artificial que era dado na UTI, sem contar a água com glicose para o bebê ficar quieto (se você duvida, da uma olhadinha aqui) afinal quando nós não estávamos por lá (que era tempo demais, eu sei), eles tinham que fazer o bebê parar de chorar. E eu tirava leite três vezes por dia para deixar no banco de leite que supostamente era dado para o Gabriel, mas tenho ciência que as três vezes que eu tirava leite não eram o suficiente para amamentar. No dia dezoito de agosto de dois mil e doze, o Gabriel respirou um ar não esterilizado de UTI. A causa disso tudo? nasceu antes da hora. A ultra errou, ele não estava com trinta e nove semanas e sim com trinta e sete.  E tudo isso aconteceu. 
Mas para você que acha que a dor da cesárea é inexistente, te digo que não, você vai sofrer muito. Doi muito sim, pra caralho, você perde sua autonomia até para cagar. Para levantar é horrível, para dormir então nem se fale. Demorei uns dois a três meses para conseguir deitar reta na cama, sem apoio para os pés e dois travesseiros. Ou seja tudo que eu quis fugir do parto normal de dor e sofrimento, não foi evitado, foi pior. Sei que não é todo mundo que tem uma história como esta mas a minha experiencia foi muito traumatizante a partir dai, comecei a buscar respostas para tudo, com base cientifica, com base em verdades. Foi então que encontrei o parto humanizado, a partir de um video que eu assiti, que é maravilhoso. Mas continua no próximo post...

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