quarta-feira, 17 de junho de 2015

Contextualizando o parto e aonde vamos chegar... (part II)

Atenção: Esse texto é continuação deste post, leia ele primeiro :)

Quando eu assisti ao video de um nascimento humanizado e domiciliar, fiquei encantada! Ta curioso para saber qual é?


Relato de parto da Luiza, blog potencial gestante

Bom, a partir daí descobri o filme "O renascimento do parto", um documentário que fala sobre a violência obstétrica no Brasil e o parto humanizado. A maioria das pessoas, assim como eu, não sabem muito a respeito do parto humanizado, principalmente pelos tabus e pelos mitos que estamos naturalizados a ouvir. Infelizmente nascer no Brasil de forma respeitosa, é uma luta contra o sistema. Quando eu e o Bruno assistimos o documentário (a dois anos atrás), chegamos a seguinte conclusão: queremos um parto natural humanizado e de preferencia domiciliar. Mas não estávamos com planos de engravidar logo, queríamos fazer outras coisas antes de ter um novo membro na família. Sim, eu tinha muita vontade de engravidar novamente mas por enquanto não era hora. Virei uma ativista do parto humanizado, sempre leio sobre o assunto, li muitos livros, estudei muito. Amo falar sobre partos. Amo ler relatos de parto. Se quiser ser meu amigo, não sabe sobre o que falar, ta aí o assunto que me move nos últimos tempos. 
Até que chegou o dia que eu descobri a minha segunda gravidez e tudo mudou de foco. Eu estava mais preocupada com outros assuntos. Não estava preocupada com o parto ainda. Confesso que além de falta de vontade, tinham um pouquinho de medo. Afinal era outra gravidez e não estávamos preparados para nada disso, com planos totalmente diferentes para a nossa vida. Fui atrás de um médico do plano de saúde e foi a maior chatisse para encontrar um. Enfim, encontrei um. Achava que meio caminho tava andado. Até que todos meus 'problemas' se tornaram pequenos perto do parto. Me empoderei e fui em uma consulta com o médico com um caderninho cheio de questões. Porque eu até sabia que ele era cesarista mas ainda havia esperança. O dialogo entre nós foi assim:

Eu: preciso fazer algumas perguntas referentes ao parto! Então vamos lá, quais os custos do parto?
Médico: olha eu até faço pelo plano mas é muito pouco e eu tenho a minha equipe que eu confio, tenho meu assistente e meu anestesista. E o valo é x.
Eu: ah entendi, mas veja bem, eu quero o parto natural, sem anestesia. Então qual a necessidade? 
Médico: olha, a gente não pode querer o parto normal porque a gente não sabe, se tudo der certo o parto normal vai acontecer mas caso contrário já estou com a equipe para qualquer emergência e ter que fazer a cesárea. 
Eu: (resolvi ignorar o fato dele ja estar dizendo quase que com certeza o fim de tudo isso).
E você aceita uma doula? 
Médico: olha, humanizar é preciso! Mas ou ela ou eu faço seu parto, não quero ninguém palpitando no meu trabalho. (Quem faz o parto sou eu, o que voce faz é assistir)
Eu: Olha a doula não faz o parto! Ela vai me acompanhar emocionalmente falando, me ajudando a aliviar a dor e tudo mais. Mas você faz o cortezinho? (Não quis dizer epsiotomia, porque médicos não curtem quem sabem demais). 
Médico: Com certeza! O corte é fundamental! Ontem mesmo veio uma paciente aqui e ocorreu laceração e nossa rasgou tudo! (O mais inacreditável é que foi ontem mesmo que tudo isso ocorreu). 
Eu: E quanto tempo você espera?
Médico: olha, até 40 semanas, depois é muito perigoso! Não podemos querer voltar o parto para a era da pedra né? 
 
Depois dessa última declaração, preferi parar de falar! O que eu acho interessante é que esse é um discurso super recorrente e as mulheres estão tao naturalizadas a tudo isso que não existem questionamentos. E esta tudo normatizado. O empoderamento existe justamente para que esse tipo de situação não ocorra! Mas nem todas nós nos empoderamos e nem todas nós temos informação disponível, tem que ir atrás. Mas enfim, no meu caso, eu fiquei arrasada com tudo isso! Já tive muitos pesadelos e não consegui mais pensar em outra coisa. 
Algumas pessoas simplesmente não querem passar pelo parto normal, assim como eu também não quis um dia. Mas todos nós estamos sujeitos a mudança. Esse texto só diz respeito a mim e aos meus sentimentos como mãe e mulher. Não diminui a experiencia de vida de ninguém. 
De qualquer forma, hoje sinto que a minha hora chegou, a minha vez de poder viver o nascimento de um filho de forma mais intensa. Então estou em busca mas já encontrei algumas pedras nesse caminho.

Continua...



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