terça-feira, 16 de maio de 2017

Bonecas e meninos

Muitas pessoas que me conhecem, principalmente pessoalmente, sabem sobre a minha busca por ensinar aos meus meninos sobre empatia, respeito a diferenças, questões sobre gênero, feminismo e tantas outras coisas que acho importante para a construção de um cidadão.

Sempre busquei mostrar ao Gabriel o quanto ele era livre para fazer suas próprias escolhas e sempre ensinei para ele que  não existem diferenças entre meninos e meninas, alias eu nunca ensinei qualquer diferença para ele. Sempre fizemos questão de mostrar o quanto eu e o pai dividimos as tarefas domésticas e da vida. Sempre fiz questão de mostrar para ele que a dor e a vivencia do outro deve ser respeitada independente da nossa visão da vida. Pois bem, criamos um garotinho muito carinhoso, educado e que é constantemente corrompido pelo sistema. SIM

Eu me lembro quando era pequena e ouvia dos meus pais o quanto eles me ensinavam e o mundo lá fora fazia o contrário do que era feito por eles. É exatamente isso. Educar uma criança definitivamente não é uma tarefa fácil, posso dizer com toda a certeza de uma mãe que é a coisa mais dificil quando nos tornamos responsáveis eternos de um ser.
Algumas coisas bobas que nossos filhos ouvem ou mesmo veem já mudam tudo, é um trabalho de formiguinha, uma construção lenta e que só teremos resultado ao longo do tempo. 

Pois bem, o cabelo do Gabriel sempre foi meio tigelinha e ele adora o cabelo. Esses dias me disse que o cabelo dele era de menina!
Eu perguntei porque ele estava falando aquilo e ele me disse "ah mãe, lá na escola as meninas tem cabelo grande igual o meu". Então lá fui eu, sentei ao lado dele e perguntei se ele gostava do próprio cabelo e se gostaria de cortar e ele me disse que sim, gostava do cabelo e não tinha vontade de cortar. Então eu expliquei que não existe cabelo de menino ou de menina e sim cabelos, que podem ter cortes, tamanhos e cores diferentes.

Nós sempre demos a liberdade de escolha de brinquedos e ele sempre fez o que queria. Já compramos vassoura (o Joaquim ama muito), nós brincamos de comidinha e já até brincamos de bonecos (eles não tem bonecas, por uma questão que nós nunca demos e nem ele escolheu) mas ele começou com uma história de rosa e roxo era cor de meninas e que meninas não brincavam de carrinhos ou qualquer coisa que na cabeça dele era coisa de menino. E eu fiquei um tanto chocada com aquilo e comecei a questionar e dizer que eu era uma menina e ele então não me deixaria brincar? e ele em sua inocência me disse mas mamãe você pode sim (na cabeça dele meninas seriam as crianças da sua idade)! E então, eu disse que todos nós podemos porque não existe brinquedos de meninos ou meninas e muito menos cores.  

Nós nunca incentivamos o Gabriel a torcer para time de futebol, não tenho interesse nenhum em fazer ele se sentir na obrigação de gostar de algum time especifico para agradar, ainda que ele tenha entendido lá pelos dois anos e meio qual era o time do avô e do pai. Ele aprendeu o hino do Corinthians, ouvindo o jogo do time, que o pai tava ouvindo no rádio. E ele usava o futebol para agradar principalmente o avô e isso foi uma fase e hoje ele nem liga. 

Ensinamos ao Gabriel a respeitar as pessoas, os animais, a cidade e tudo que envolva o ambiente onde vivemos. Ele começou a fazer brincadeiras de tirar sarro, rir da nossa cara quando estávamos bravos, quando o Joaquim queria passar, ele entrava na frente e impedia a passagem do irmão e gargalhava. E lá fui mais uma vez ensinar que não era legal tratar as pessoas assim, que devemos nos colocar no lugar do outro e pensar como nos sentiríamos se fosse com a gente. 

O Gabriel não é incentivado a brincar de luta, nem a gostar de armas e brincadeiras de "matar", toda arma de brinquedo que venha com algum brinquedo, nós jogamos fora. Nós ensinamos ao Gabriel quem nem de brincadeira é legal machucar o outro. E ele já aprendeu isso, se ele vê alguma criança brincar de arma, ele corre e fala para gente. Ele aprendeu que luta é para defesa pessoal e nunca para machucar alguém. 

Pois bem, nós fazemos o que está ao nosso alcance para ensinar para este ser que está sob nossa responsabilidade a ser alguém respeitoso, que tenha empatia, respeitando as diferenças sendo elas qual forem. 

Esse final de semana aconteceu uma situação, onde eu e o Bruno tivemos que dialogar e mostrar uma outra visão ao Gabriel. 
Nós não temos TV aberta ou a cabo em casa, só deixamos ele assistir NETFLIX e só na TV, sem acesso a celular ou a tablet e vamos muito bem, obrigada. E ele chegou em casa dizendo que queria ir ao Mcdonald's, queria um brinquedo do Mclanche feliz e queria muito. Nós percebemos que muita das coisas que ele aprende vem da escola e nós ao mesmo tempo que não concordamos, sentimos um pouco de dó de ver ele pedindo, os amigos falando e ele não ter. Por mais que nós discordamos dessa competição do "eu tenho e você não". 
O mais interessante é que ele não gosta do lanche, no máximo da batata fria mas nós levamos ele. Fomos ao sábado no shopping, na hora do almoço, ele já saiu de casa falando que queria o Batman. 
Chegando lá, fiquei na mesa com os meninos e o Bruno foi lá mas não tinha o Batman. Então o pai trouxe a Batgirl. O Gabriel começou a chorar, porque aquilo era uma boneca de menina e ele não era uma menina. Ele ficou muito magoado e não deixou que eu abrisse o brinquedo. De inicio, pensei em levantar e ir lá achar algum boneco para ele. Mas o Bruno já começo a falar da boneca e o quanto ela era legal. Disse que se o Gabriel não quisesse, ele ia pegar para ele, que ela era uma super heroína, tão boa quanto o Batman. E ai o Gabriel começou a prestar a atenção no que o pai falava e pediu para abrir o pacote e começou a brincar com a boneca.




Essa situação serviu para nos mostrar que tudo é uma questão do que nós falamos e o exemplo que nós damos ao nosso filho. Eu poderia muito bem ter me levantado e trocado por qualquer outro brinquedo intitulado para meninos. O próprio pai quando estava o balcão escolhendo o brinquedo disse que todo mundo que estava com o filho, mostrava o brinquedo destinado ao gênero.
São os nossos exemplos e comportamentos que ensinam aos nossos filhos. Aprender desde pequeno faz toda a diferença!
Desculpem o texto enorme mas achei interessante compartilhar esse momento. 

Beijos 



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